A história das mulheres que botaram um exército pra correr! O que aprendemos com elas?

By 8 de março de 2020Lute como uma garota
Batalha de Tejucapapo. Obra da artista Tereza Costa Rêgo

Senta que lá vem história.

Corria o ano de 1646, no pacato vilarejo de Tejucupapo, em Pernambuco. O distrito era formado apenas uma rua larga, quase uma praça, casas simples, e a Igreja de São Lourenço. Era um domingo, e os homens do distrito costumavam ir ao Recife, a cavalo, para vender nas feiras da capital os produtos da pesca. Em tese, Tejucapapo estaria desprotegida.

Perto dali, havia 600 holandeses saídos por mar do forte Orange, na ilha de Itamaracá, sob o comandado do almirante Lichthant. Estavam precisando desesperadamente de alimentos, e sabiam que no vilarejo podiam farinha de mandioca e o caju, que as circunstâncias do momento haviam transformado em produtos pelo qual valia a pena lutar.

Bem, era um domingo, as mulheres estariam sozinhas, então seria fácil.

Seria.

O que se seguiu durante essa tentativa de invasão, ficou conhecida como a primeira batalha na história brasileira em que as protagonistas foram as mulheres.

As mulheres, em geral agricultoras de origem indígena, teriam se organizado em torno de quatro Marias que até hoje têm ares míticos na zona da mata norte de Pernambuco: Maria Quitéria, Maria Camarão, Maria Clara e Maria Joaquina. Sob o comando dessas quatro Marias, e armadas de pedaços de pau, panelas, tachos de água fervente com pimenta, ou qualquer coisa que encontraram pela frente, essas mulheres, ao lado de poucos homens, botaram um pequeno exército armado pra correr.

O que a história nos conta é que não se deve jamais subestimar a força e a coragem de uma mulher em defender sua casa, sua família e sua terra. Nos perguntamos o tamanho do esforço moral e institucional que foi feito para que as mulheres acabassem num estado de submissão, violência e morte.

Foram anos de trabalho sujo. Mas é possível voltarmos a ocupar nosso lugar na história, lugar legitimamente merecido.

Que as manifestações que acontecem neste domingo nos tragam essa centelha de volta, porque do jeito insalubre que está, não teremos chance. E é chegada a hora de reagir.

Procure em sua cidade onde haverá manifestações. Participe. Leve sua presença e sua voz. Engrosse a massa. Seja parte dessa mudança histórica.

O site UOL fez uma matéria belíssima com o resgate dessa história e como ela é representada até hoje. Vale a pena.

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