Então é isso. Estamos em quarentena.
Desde o último sábado, o Brasil entrou em modo apocalispe. Home office para quem tem esse privilégio, escolas fechadas, supermercados superlotados, estoque de papel higiênico, ninguém sai de casa, cancelem os eventos, o dólar chegou a R$ 5,20, cuidem dos idosos, lavem as mãos, não escutem o presidente. É muita coisa pra administrar.
Estou em meu primeiro dia de isolamento. Ainda não fiz estoque de comida. Não tenho álcool em gel, mas tenho muito sabão guardado.
As secretarias estaduais de Saúde divulgaram, até as 6h50 desta quarta-feira (18), 350 casos confirmados de novo coronavírus (Sars-Cov-2) no Brasil em 17 estados e no Distrito Federal. Particularmente acredito que este número está subnotificado. Pessoas com sintomas não estão sendo testadas. A primeira morte, de um homem de 62 anos que estava internado num hospital particular em São Paulo, não constava na lista de notificados.
Nesta quarta-feira (18), primeiro dia de isolamento voluntário, tento acompanhar as notícias, tento estabelecer uma rotina. Me preocupo especialmente com meus avós, com minha filha (que não foi liberada do trabalho), com meus pais, com os avós dos meus filhos. Também me preocupo, e muito, com a situação da população mais vulnerável.
Até o momento, não sei ainda se entro em pânico, se pego meus filhos e fujo para um sítio, se me preparo para o julgamento final. Brincadeiras á parte, o que posso perceber é que a situação é bem mais grave do que apontam os números oficias, e que viramos todos vetores de um vírus que pode ser fatal para os mais frágeis. É desesperador pensar que o máximo que você pode fazer, é ficar em casa. E mais desesperador ainda é não saber onde está a verdade sobre os casos de coronavírus no Brasil.
Mas enquanto jornalista, acredito que tenho uma responsabilidade social. Vamos produzir uma série de matérias sobre os efeitos reais em pessoas comuns, em suas vidas cotidianas. Vamos tentar buscar ideias para aliviar a barra de quem está na ponta. Compartilhar informações reais e seguras. Dar dicas de convivência e sobrevivência, dentro daquilo que for possível, e responsável.
Taty Valéria