Os tristes relatos das pessoas que dependem de eventos e zeraram a renda com o coronavírus

By 18 de março de 2020Lute como uma garota, Paraiba

As autoridades emitiram um alerta para toda a Paraíba de fechar escolas, repartições, serviços públicos e orientou que a população permaneça em casa, que não falam aglomerações e que evitem ao máximo, sair à rua para evitar a transmissão do Coronavírus.

Mas existe uma parcela da população que sobrevive justamente de aglomerações. São os profissionais que atuam no ramo do entretenimento. Além dos artistas, produtores culturais, organizadores de cerimoniais e grandes eventos, e a ponta da cadeia: os pequenos empresários das festas de família: aniversários, batizados, casamentos e afins. 
São pessoas que trabalham numa cadeia produtiva que inclui decoração, docinhos, salgados, bolo, buffets, lembrancinhas, personalizados. Que fornecem gelo, mesas, cadeiras e tendas, brinquedos infláveis. Animadores, maquiadores, cabeleireiros, cerimonialistas autônomos. Que alugam fantasias, vestidos de noiva e de madrinhas, ternos. 
Dados da Associação Brasileira de Empresas e Eventos (ABEOC) apontam que esse contingente de trabalhadores fez o mercado das festas crescer cerca de 30% em 2019, e era um dos poucos que estava conseguindo driblar a crise econômica.
Com a crise do corona e a orientação de não fazer aglomerações, esse setor já está sofrendo os primeiros efeitos econômicos. 
Lu Galindo, que trabalha com decoração de mini festas há 3 anos em João Pessoa, já teve mais de 30 festas canceladas de março até abril. “Só nesse final de semana, eu tinha 11 festas agendadas que foram canceladas, o prejuízo é enorme. Infelizmente não temos muito o que fazer, é esperar a crise passar e tentar conscientizar os clientes a voltarem quando tudo estiver estabilizado”, afirmou.
Lu afirma que mesmo assim, é muito difícil prever quanto tempo vai durar esse período e quais as consequências. “Os pais não têm como saber. Algumas famílias estão tentando agendar para maio, mas mesmo assim nada é garantido. Os shoppings estão querendo fechar, não se pode ter aglomeração, estão com medo”. 
Num caso de cancelamento de festas por parte da família, é cobrada uma taxa de desistência, mas que a pequena empresária abriu mão. “Não posso obrigar ninguém a fazer suas comemorações pois não foi responsabilidade delas, também não posso colocar a minha saúde e a saúde dessas famílias em risco”. 
Além do seu próprio negócio, ela tem uma preocupação adicional com os pequenos fornecedores de bolo, docinhos e salgados. “Todos estão sofrendo, o que podemos fazer é esperar e tentar aguentar até onde for possível”, afirmou.

A empresária Monick Guerrieri, que tem um buffet de crepes, que atende festas e eventos em geral, define a situação como desesperadora. “Muita gente que depende exclusivamente do dinheiro das festas e eventos. O que vou fazer com essas pessoas? Não tem trabalho. Tudo sendo adiado e cancelado. E como vou lidar com esse povo? Tenho uma funcionária que volta em abril de licença-maternidade e simplesmente não tem mais receita. Como vou lidar com isso? Ontem passei boa parte do dia chorando por mim e por algumas pessoas que dependem exclusivamente da nossa empresa. Hoje é dia de continuar e buscar alternativas”, resumiu a empresária que já adiantou que vai buscar no delivery uma fonte alternativa para se reinventar dentro deste cenário perturbador.

As micro empresas que atuam no ramo das festas infantis fazem um apelo para que as famílias não cancelem as festas, mas que adiem a comemoração. Além da questão econômica, dizer às crianças que a festinha delas não foi cancelada, e que ainda vai acontecer, vai ajudar a diminuir, um pouco, a tensão causada pela quarentena.
Taty Valéria 

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