A falta de exames, o poder da subnotificação e a verdade (que ninguém sabe) sobre a quantidade de casos de Coronavírus na PB

By 30 de março de 2020Paraiba

Não se pode fazer jornalismo responsável sem usar dados oficiais. E é isso que estamos fazendo desde o início da pandemia do coronavírus, apontando os números oficiais.

Sabemos também que é logisticamente quase impossível realizar a testagem e a contra prova em todos os casos considerados suspeitos.

Também entendemos que as secretarias estaduais precisam seguir os protocolos preconizados pelo Ministério da Saúde e que essa é uma determinação nacional.

Mas diante do baixo número de casos confirmados na Paraíba, 15 de acordo com o último boletim, é caso de comemorarmos a pouca proliferação do vírus ou ligarmos o desconfiômetro?

Na nota enviada pela Secretaria Estadual de Saúde, há 90 casos suspeitos internados, sendo 25 em UTI, 13 delas em hospitais públicos e 65 em leito regular, destes, 31 em hospitais públicos. Isso nos leva a crer que são apontados apenas os casos suspeitos que estão em internação hospitalar. E os casos suspeitos que estão fora da rede?

De acordo com a SES, só os pacientes em estado mais grave são testados e considerados casos suspeitos. Os casos considerados leves seguem a recomendação de ficar em isolamento e monitorando os sintomas. Quando entra na fase de transmissão comunitária, o foco é em resguardar a vida dos casos graves. É o correto a se fazer.

O que consideramos grave, é que talvez os números de contaminados e até mesmo de óbitos, não correspondam à realidade, e o baixo número registrado na Paraíba tem causado um movimento de sair do isolamento e voltar às ruas.

O setor da construção civil irá realizar uma assembleia para decidir se retornam ao trabalho. Pelo barulho das ruas, tem mais gente circulando. Algumas lojas já estão reabrindo e os mercados públicos estão funcionando normalmente.

Aqui não questionamos a atuação da SES, sempre solícita em divulgar números e atender a imprensa. Questionamos os protocolos nacionais, a falta de exames para todos que precisam, a escassez de estrutura necessária para se conter o avanço e cuidar de quem está doente e a narrativa de que só os mais idosos e debilitados são infectados.

Taty Valéria

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