Esse é um protesto a favor da vida. Em prol das milhões de crianças trancafiadas dentro de casa sem ter o que fazer e o que comer. Dos idosos que temem o pior no dia de amanhã. Dos filhos adultos que sofrem só de pensar em perder os pais para uma pandemia. Do lamento daqueles 57 milhões que ajudaram a eleger um presidente que não tem ideia de onde está e o que fazer pelos brasileiros.
Esse é um protesto para todos aqueles que estão longe de casa por trabalharem no front de combate ao coronavírus. E pra todos aqueles que são obrigados financeiramente a se ajoelharem no meio da rua para que o patrão possa reabrir sua empresa e poder trocar de carro no final do ano.
“E daí”. Foi a resposta mais chocante que o Brasil ouviu muito bem na noite de ontem e que só traduz aquilo que todo mundo já sabe. Temos um presidente incompetente, inábil, desinteressado pelo próprio povo e ocupado demais em alimentar conchavos políticos em prol de sua família.
Sabemos que nosso país desde o seu início (e as merdas provocadas pelos portugueses em seu criminoso processo de colonização) foi pavimentado em cima de interesse dos mais ricos em detrimento de índios, negros e pobres.
Sabemos que nossa cultura é machista, racista e homofóbica. Que nossos esforços sempre são em vão quando a meritocracia nunca foi bandeira da nossa pátria. Que nossos filhos passarão pelos mesmos devaneios sociológicos e escrotos que levaram Bolsonaro pra onde ele está agora.
“E daí” que se um parente seu morrer por culpa de quem não entende nada, mas classifica uma pandemia mundial como gripezinha? Vai fazer arminha? Nem no enterro você vai chorar. Talvez uma vala comum te comova. Talvez você participe de um panelaço com sua mãe. Talvez ela não esteja mais aqui. Por conta de uma gripezinha. Por conta do seu voto. Por conta da sua ignorância. Mas, e daí? Quem vai chorar com a sua dor além de você mesmo?