Que o isolamento social aumentou a sobrecarga de trabalhos domésticos para as mulheres nós já sabíamos. E uma pesquisa divulgada pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos), em parceria com o Ipespe (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas), veio confirmar isso.
Durante a pandemia, 63% das mulheres disseram ser as responsáveis pela limpeza, 68% por preparar as refeições e 54% por fazer as compras. Elas ainda afirmaram ser as únicas responsáveis por acompanhar a vida escolar dos filhos (71%) e por organizar o orçamento doméstico (56%).
Os pesquisadores entrevistaram 1,5 mil pessoas chefes de família entre os dias 7 e 15 deste mês. Apesar da divisão desigual dos trabalhos domésticos durante a pandemia causada pelo novo coronavírus, apenas 13% dos entrevistados responderam que os conflitos familiares tiveram aumento. Para 71%, os ânimos estão normais. O que seria uma notícia boa, porém não é. Isso comprova que a divisão injusta do trabalho doméstico está tão enraizada que nem provoca discussões.
Natália Félix de Souza, doutora em relações internacionais e professora da PUC-SP, explica que a pandemia evidenciou uma desigualdade “visceral” entre os papéis desempenhados dentro de casa. Segundo a professora, o trabalho doméstico, atribuído naturalmente as mulheres, ainda é invisibilizado e não reconhecido.
Veja o resultado das entrevistas realizadas pela Febraban entre 7 e 15 de julho, com 1,5 mil chefes de família.
Quem é o responsável por limpar a casa?
63% – mulheres
23% – homens
Quem é responsável por preparar as refeições?
68% – mulheres
24% – homens
Quem administra o orçamento doméstico?
56% – mulheres
44% – homens
Quem faz as compras?
54% – mulheres
40% – homens
Acompanhamento da vida escolar dos filhos
71% – mulheres
19% – homens
da redação, com informações do Metro Jornal