Dentro de uma realidade minimamente aceitável, essa imagem seria rapidamente vista como montagem. Mas em se tratando de Brasil, e principalmente, em se tratando de Bolsonaro, isso realmente aconteceu. O presidente da república, foi fotografado “oferecendo” cloroquina para uma ema.
É até difícil explanar qualquer raciocínio lógico diante de uma cena tão patética. A vontade de rir é grande, mas a de chorar é maior. Especialmente porque as emas já demonstraram, em duas ocasiões, que estão ali porque são obrigadas. As emas, ao contrário do alto escalão do governo federal, não se sentem confortáveis com a presença do presidente e já deixaram isso muito claro.
Tentando buscar um contexto razoável, talvez o presidente esteja em desespero, afinal de contas, o governo possui um estoque de 4 milhões de comprimidos de cloroquina. O total parado em estoque, exatamente 4.019.500 de comprimidos, poderia ser ainda maior, já que alguns estados não quiseram receber o medicamento, que não serve para o tratamento do coronavírus e que virou um elefante branco, bem no meio da sala do Palácio do Planalto.
Mesmo considerando os quase 30% de apoiadores que o presidente ainda mantém, seria humanamente impossível dar conta de tanto remédio inútil, e o presidente tem tomado medidas completamente desesperadas para escoar a cloroquina.
Mesmo fazendo um merchand diário pelo remédio (ele está mesmo doente?), mesmo saudando uma caixa de cloroquina como se fosse o Simba do Rei Leão, e mesmo que ainda tenha quem aceite se submeter à um tratamento comprovadamente ineficaz, os resultados se mostram pífios. Restou apelar para as emas.
Situações extremas pedem medidas extremas e o presidente tem tomado as suas. Quando iremos nós, população brasileira, tomar nossas próprias medidas?