“Tostines vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais?” Você lembra desse slogan? Quem não?
Essa é a uma das melhores frases publicitárias dos anos 80, não há dúvidas. Gerou muito dinheiro e uma fama gigantesca para Enio Mainardi, que faleceu neste domingo, vítima de Covid-19.
Não estaríamos falando dele aqui, afinal de contas, são mais de 100 mil mortos pela doença no Brasil. E o que o Enio Mainardi tem de tão “especial”? Antes de mais nada, vamos usar uma das descrições possíveis da palavra especial: que não é geral, que diz respeito a uma coisa ou pessoa; individual, particular.
Pois bem. A morte de Enio Mainardi não é especial por ele ser um dos mortes que negava a doença e era contra o isolamento. Também não se torna especial porque ela o pai do Diogo Mainardi. Muito menos pela sua história dentro da publicidade.
Dando um salto no tempo e no espaço. Enio Mainarid era um defensor ferrenho do uso de armas pela população. Num dos seus últimos postas no twitter, postou algo que nunca saiu do seu pensamento: o ódio ao PT e o endeusamento pelas armas de fogo. E aqui chegamos ao ponto de sua morte ser especial: Enio Mainardi abrigou Pimenta Neves, assassino da jornalista Sonia Gomide, que morreu com um tiro dado pelas costas e outro na cabeça. Enquanto Pimenta Neves seguia foragido da polícia, Enio o escondeu. Numa postagem encontrada nas veias do Google, insinuações de que a arma usada por Pimenta Neves, seria de Enio. Num estande de tiros do amigo, Pimenta Neves treinava a pontaria.
Em setembro do ano 2000, pouco mais de um mês depois que Pimenta Neves se entregou às autoridades, Enio publicou um artigo na Folha de São Paulo culpando a imprensa pelo “linchamento” moral a que o amigo estava sendo submetido. O mesmo amigo que, depois de perseguir a ex namorada, invadir seu apartamento, agredir fisicamente e finalmente, dar dois tiros numa mulher pelo simples fato de dela não aceitar voltar com o relacionamento.
Enio Mainardi não deixará saudades. O perfil de Enio no twitter continua ativo, e é um festival de ódio, rancor e chorume. Não estamos aqui para um achincalhe público pós morte, não é esse nosso papel, até porque, a própria roda da vida se encarregou disso.
Taty Valéria