Preta Gil participou de uma conversa com psicólogo Jairo Bauer e revelou que já sofreu muito por causa do machismo, mas que é difícil lutar contra ele, porque os próprios indivíduos que reproduzem essa essa forma de opressão não querem ouvir ou tentar mudar. “É uma doença que a gente tem na sociedade que é muito difícil de vencer e erradicar, porque os próprios doentes, os próprios opressores, sequer assumem, de tão normalizado que é”, diz. Segundo ela, ainda assim é importante apontar quando se percebe que alguém está sendo machista, porque haverá reflexão. “Muitas vezes, os opressores se assustam e rebatem. É muito difícil você explicar para uma pessoa porque ela é machista ou racista, a primeira reação que se tem é reativa. Mas a gente está aqui para isso”.
Preta disse ainda que hoje desenvolveu uma “casca grossa” contra essas violências, mas que durante a vida muitas vezes elas a desestruturaram, fizeram-na adoecer. “Essas opressões doem, machucam a gente. Ainda na adolescência, eu não entendia muito bem porque eu era muito popular na escola, mas os meninos não gostavam de mim. Isso é um racismo machista estrutural da branquitude, que não tinha afeto e afeição pela mulher preta. Isso é muito grave”
A cantora e empresária disse que a vida das mulheres é permeada pelo machismo cometido tanto por homens quanto por outras mulheres. O sentimento de competição umas com as outras, de crítica constante, segundo ela, é uma uma sequela do machismo que as mulheres compraram e estruturaram dentro das próprias falas e vivências. “Essa coisa gordofóbica de criticar a outra por causa do corpo, de falar que está gorda e nunca vai conseguir um namorado são camadas de opressões, e o machismo talvez seja a maior delas, junto com o racismo. Eles têm mil derivados”, resumiu.