Dando continuidade à série de entrevistas com candidaturas do campo LGBTQIA+, conheça hoje Djane Barros.
Djane Barros é mãe e jornalista, com 34 anos de profissão e experiências em diversos veículos de comunicação da Paraíba. Trabalhou em jornal impresso, rádio, Portal, TV e assessoria de imprensa. Também é escritora e autora do livro de poesias “Na ponta dos pés”. Além de cobrir a pauta política, atualmente atua no radiojornalismo pessoense.
Ao longo da carreira percebeu que os moradores da cidade têm muitas vezes demandas que, embora sejam simples para o Poder público, ou alguém com condições financeiras resolvê-las, modificam completamente a vida dessas pessoas e lhes dão mais qualidade de vida: “uma cadeira de rodas, uma cadeira de banho, uma cirurgia, um medicamento, calçamento na rua, melhor iluminação, enfim…”, afirma.
Por isso, independente da redação em que estivesse, sempre manteve o vínculo com aqueles que ligavam e faziam seus apelos. Antes mesmo de se identificar na política, gostava de ajudar e dar sua colaboração para o bem estar daqueles que ela via e que precisavam de auxílio, notando que elas realmente necessitavam de alguém que lutasse pelos direitos delas.
Por que você decidiu concorrer à uma vaga na Câmara Municipal?
Devido a relação com ouvintes, amigos, conhecidos e pessoas que através do jornalismo pude ajudar. Isso me fez pensar: “Se na imprensa eu ajudo essas pessoas, ocupando uma vaga na Câmara eu poderia colaborar muito mais!” Essa colaboração não seria apenas de forma pontual, atendendo pedidos aleatórios, mas sim batalhando por projetos para que os direitos sejam permanentes e a população consiga qualidade de vida.
Além disso, penso que a população LGBTQIA + necessita de representações fortes na Câmara Municipal que, realmente estejam dispostos a lutar por questões que vão além da saúde deste público. Claro, que a saúde é importante, mas existem questões como visibilidade, combate ao preconceito e principalmente oportunidades de trabalho e estudo que especialmente para os trans se apresenta como um enorme desafio e são tão indispensáveis para o crescimento pessoal e profissional.
Por último, a causa animal que apesar de todos acharem importante ainda não existem parlamentares lá dentro dedicados a criar projetos e trazer debates relevantes para os nossos pequenos companheiros. Eles são parte da nossa família, estão na nossa cidade( muitos nas ruas) e precisam que o Poder Público também esteja ao lado deles.
Parlamentares com perfil LGBT ainda são raras exceções. Como pretende lidar com a homofobia/lesbofobia institucional, especialmente num cenário político cada vez mais conservador?
O cenário político brasileiro ainda é bastante conservador, especialmente em questões relativas à gênero e sexualidade. Na Paraíba e, consequentemente em João Pessoa, o cenário não é diferente. Porém, não existe outra forma de combater o machismo na política se não for elegendo mulheres e ao trazê-las para os espaços de poder, pode-se ter projetos elaborados por aquelas que ocupam o lugar de fala e sofrem os reflexos do patriarcado. Por isso, é necessário elegê-las.
Com o mesmo raciocínio estão os parlamentares com perfil LGBT. Apesar de existirem políticos que não estão nesse grupo e que colaboram na causa, o ideal é que as reivindicações partam daqueles que ocupam o lugar de fala do preconceito e das dificuldades de aceitação em sociedade. Apenas os parlamentares LGBT entendem a importância que determinada política pública terá na sua vivência e poderão lutar por aquilo com maior determinação.
É difícil encarar a homofobia/lesbofobia institucional, mas não tem jeito: são barreiras diárias que precisam ser vencidas se quisermos ter os direitos da população LGBT respeitados.
Quais os maiores desafios que você enfrentou até decidir concorrer?
Acredito que além de um cenário político que faz com que praticamente as mesmas pessoas ocupem a Câmara em todas as eleições ( falta de renovação) , acho que foi a opinião de muitos que chegaram até a mim para dizer que eu não deveria “me meter nesse meio” e que eu iria acabar me decepcionando com a política. Mas, é o seguinte: se você deseja que sua cidade mude, das duas uma: ou você vota em alguém que você realmente acredite que vá te representar ou você vai lá e concorre a esse cargo e busca promover a mudança!
Apesar dos comentários, considero a política valiosa para uma sociedade se tratada com ética e respeito a sociedade!
5Quais são suas principais bandeiras de luta, e como pretende trazer essas pautas para o trabalho na Câmara Municipal?
Por ser uma resposta bem extensa, vou trazer aqui em resumo:
– Defesa dos animais por meio de serviços públicos de saúde, tais como hospital público veterinário, cemitério para velórios dignos aos nossos animais para aqueles que não podem pagar, além de uma unidade básica móvel de saúde que circule pelos bairros
– População LGBT: Lutar por mais oportunidades de trabalho e capacitação acadêmica. Ainda são poucos os LGBTs nas universidades e empregos. Pretendo lutar por uma ampla assessoria jurídica gratuita para este público.
– Valorização da mulher: Lutar por espaços noturnos onde elas possam deixar as crianças nas escolas para que não abandonem os estudos e tenham seus filhos bem cuidados. Às vezes as creches não têm vagas e até mesmo levar durante o horário escolar traz mais comodidade a elas que não precisam deixar o dia inteiro, ou seja, lutarei para que tenham espaço com cuidadores na própria escola onde estudam no turno da noite. Além disso, quero lutar por cursos técnicos em serviços ligados à construção civil para que tenham mais autonomia e ocupem mais esse espaço majoritariamente masculino.
– Também vou defender a implantação do curso básico de informática e mídias sociais voltado para a terceira idade. É preciso inserir esse público na tecnologia para que não dependam só dos filhos, netos e etc.
Conhecimento é poder: liberta as mulheres da opressão e faz o LGBT vencer o preconceito com armas melhores!
Saiba mais sobre Djane Barros em seu perfil: @djanebarros