Sabemos que temos um presidente que precisa sentar num psicanalista para resolver seus problemas de sexualidade, masculinidade e seja lá quais forem seus fantasmas. A toda semana, mais e mais declarações homofóbicas e criminosas saem da boca deste cidadão. E o pior é que ele encontra apoio em milhões de brasileiros que se afundam, a cada dia, em uma pandemia de ignorância pior que a do novo coronavírus.
Ontem, durante pronunciamento, o senhor Jair Bolsonaro afirmou que é preciso enfrentar a pandemia de “peito aberto” e que o Brasil tem de deixar de ser “um país de maricas”, numa referência pejorativa ao receio com a covid-19, que já matou mais de 162 mil e infectou 5,67 milhões de pessoas.
“Tudo agora é pandemia. Lamento os mortos, lamento. Todos nós vamos morrer um dia, aqui todo mundo vai morrer um dia… Não adianta fugir disso, da realidade. Tem que deixar de ser um país de maricas, pô”, disse.
“Maricas” é um insulto antigo e infantil. Nem lembro da última vez que ouvi esse termo, talvez nos desenhos do Pica-Pau. Para além de uma referência à homossexualidade, o termo sugere covardia. Eu me pergunto: será que as mais 160 mil vítimas da covid-19 eram covardes? O que essas famílias acham disso?
Mais uma infeliz declaração do presidente, que vai terminar em notas de repúdio, memes na internet, críticas de quem discorda e aplausos da casta bolsonarista, que já se mostrou disposta à demonstrar apoio independente do que ele faça. Enquanto isso, o judiciário e a classe política assistem a tudo comendo pipoca e normalizando os absurdos que nos chegam a todo momento.
Nas fala de Bolsonaro é possível enxergar muitos crimes: sejam eles de origem moral, exposição de dados e notícias falsas, ataques à imprensa e até mesmo ameaça de guerra contra a principal potência do mundo. Outra pergunta que me faço: o que nossa grande potência militar faria numa guerra contra o poderio estadunidense? Pintar meio-fio e capinar a grama do Palácio da Alvorada?
Imagina Dilma dizendo que tem de usar pólvora contra os americanos por conta de uma divergência? Está na hora de ir além das notas de repúdio para não deixar o Brasil virar de vez uma piada internacional. Sem graça alguma.