Um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) chamado Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil mostrou a dificuldade que muitas mulheres enfrentam até hoje para encontrar trabalho depois da chegada dos filhos.
A pesquisa, que analisou dados internos do IBGE, referentes a 2019, indicou que o nível de ocupação de mulheres entre 25 e 49 anos que vivem com crianças até 3 anos de idade é bem mais baixo do que aquelas que não têm pequenos em casa no Brasil. Apenas 54,6% das entrevistadas conseguiram um emprego para ajudar no sustento da casa, já nos domicílios sem crianças menores de 3 anos, esse número chega a 67,2%.
A desigualdade cresce ainda mais ao olhar os dados com um recorte racial. Segundo a pesquisa, mulheres pretas ou pardas com filhos de até 3 anos de idade apresentam ocupação de menos de 50%, enquanto a das brancas chega a 62,6%.
Os números assustadores têm algumas explicações. Um dos principais motivos da falta de tempo feminina para dedicar-se a compromissos fora de casa, como o trabalho, é a falta de divisão de tarefas na rotina diária. Em 2019, o IBGE já mostrava que as mulheres se dedicavam o dobro do tempo, em comparação aos homens, aos cuidados domésticos, sendo no total 21,4 horas contra 11 horas por semana. Com a pandemia, a tendência é que, atualmente, esses números estejam ainda mais discrepantes, já que 90% das mulheres teve a vida profissional modificada desde o início do isolamento social.
O resultado impacta diretamente na renda da população feminina do pais, afinal, com menos tempo livre além dos cuidados com os filhos e a casa, é quase impossível encontrar um trabalho. Não é a toa que as mulheres que dedicam 24 horas por semana aos afazeres domésticos são as mesmas que integram o grupo de 20% da população com menores rendimentos.
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