Duas mulheres, dois crimes iguais e apenas uma prisão! Até quando o Brasil vai julgar pela cor e classe social?

By 30 de abril de 2021Brasil, Justiça

Prestem atenção nessas duas histórias:

Em 2015, uma mulher e mãe de três filhos pequenos, foi presa em flagrante por ter furtado ovos de Páscoa e um quilo de peito de frango num supermercado. Maria* permaneceu reclusa por cinco meses, até que um juiz concedeu a liberdade provisória. Condenada em primeiro grau, ela teve a sentença mantida em segunda instância e voltou ao cárcere em novembro de 2016, grávida. Em 2017, dividindo uma cela com seu filho recém nascido e mais outras 20 mulheres, a Defensoria Pública de São Paulo acionou o Superior Tribunal de Justiça (STJ) para pedir sua liberdade. O ministro do STJ, Nefi Cordeiro, negou o pedido e Maria teve que cumprir o restante da pena.

Pula para abril de 2021.

Uma mulher bem vestida, dirigindo um Jeep Compass (carro de luxo que custa, por baixo, R$ 140 mil) chega numa delicatessen no bairro de Piatã, em Salvador. Muito tranquilamente, como uma boa senhora de alta classe, ela elegantemente pega um queijo, coloca dentro da bolsa, continua a fazer suas compras, vai ao caixa, paga pelos produtos (menos o queijo) e vai embora viver sua vida de cidadã de bem.

O furto foi flagrado pelas câmeras de monitoramento da delicatessen, os funcionários notaram algo estranho, o dono viu as imagens, mas… nada aconteceu.

“A gente não chegou a abordar ela porque  como os funcionários apenas tiveram a impressão, e eu ainda não tinha visto as gravações, ficou um receio de gerar um constrangimento, né?!”, acrescentou o empresário Alexsandro Prazeres, dono da delicatessen. Segundo Alexsandro, episódios de furto no estabelecimento costumam acontecer com frequência, sobretudo os cometidos por pessoas que, aparentemente, não praticam o crime por necessidade. 

Constrangimento maior nesse caso, é viver num país em que classe social e a cor definem completamente o modo como você vai ser tratado, ou destratado pela sociedade.

Fica o nó na garganta, a dor no estômago e a completa falta de esperança em continuar lutando por um país que aparentemente, perdeu qualquer senso de moral, ética, empatia e sentimento de coletividade e pertencimento.

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