“Não dá tempo da lágrima rolar!” A horrível e estressante rotina das enfermeiras durante a pandemia

By 12 de maio de 2021Lute como uma garota

“Não dá tempo da lágrima rolar”. É assim que a enfermeira de Volta Redonda (RJ), Giselle Guimarães, de 37 anos, relata o dia a dia dentro dos dois hospitais em que trabalha.

O G1 conversou com ela e com a também enfermeira Fabiana de Azevedo em reportagem especial para este 12 de maio, Dia Mundial da Enfermagem. Elas se emocionaram ao falar do trabalho realizado durante a pandemia da Covid-19.

“A enfermagem hoje carrega a saúde do Brasil e do mundo nas costas. Por muitos anos, nós ficamos menosprezados, esquecidos e não somos valorizados. Mas mesmo assim a gente não abaixa a cabeça, a gente não foge da luta, não abandona o paciente e não dá uma assistência inadequada”, afirmou Giselle.
Desde que o novo coronavírus chegou ao Brasil, milhares de pessoas já morreram pela doença. Giselle vivencia esse momento de tristeza todos os dias, confessa a dificuldade e o cansaço de lidar com a pandemia:

“Parece que a gente está em um redemoinho. Parece que não vamos sair nunca. Às vezes a curva epidemiológica cai, aí a gente acha que está amenizando, mas logo depois aparece uma variante, novos sintomas e a gente começa a luta tudo de novo. Parece que não tem fim”.

“Às vezes a gente acabou de perder uma vida e já temos que correr para tentar salvar uma outra”, completou.

Essa rotina também é vivenciada pela Fabiana de Azevedo, de 42 anos, moradora de Resende (RJ) que atua na linha de frente do combate à pandemia em um hospital particular da cidade.

Para ela, a vida mudou completamente depois que a Covid-19 começou a fazer vítimas no Brasil. “Quando a pandemia chegou no país era tudo desconhecido, não sabíamos como seria. Um misto de incerteza e insegurança”, disse ela.

Isolamento social e familiar

Em março de 2020, logo que as aulas presenciais foram suspensas, Fabiana decidiu levar os filhos, um casal de gêmeos, para morar com os avós em Ipiabas, distrito de Barra do Piraí (RJ). A decisão foi tomada pela insegurança de conviver com eles enquanto trabalhava na linha de frente do combate à pandemia.

Contudo, pouco tempo depois, Fabiana perdeu o pai por um infarto fulminante e acabou trazendo novamente os filhos e a mãe para morar com ela em Resende.

Giselle também optou por se afastar do marido e do filho mais novo durante a pandemia e ficou morando apenas com o mais velho e a neta. O sacrifício de ficar longe de quem ama foi uma escolha pelo próprio bem deles, diz a enfermeira.

Porém, depois de se contaminar com a Covid-19, a família que estava longe voltou para cuidar dela.

Atualmente, tanto Giselle como Fabiana redobraram os cuidados no combate à Covid-19 para continuarem perto de quem amam .

“Como trabalho no hospital e tenho contato diariamente com pessoas, mantivemos o uso de máscaras e de higienização das mãos. Fizemos isolamento residencial”, explicou Fabiana.

“Pijama e roupa de hospital são lavados separadamente. Antes de sair do trabalho, eu tomo banho no hospital e já saio com outra roupa”, disse Giselle.

Entretanto, o contato com os demais familiares segue apenas por chamada de vídeo. Giselle conta que sua mãe faz parte do grupo de risco e, mesmo tomando todos os cuidados, tem medo de infectá-la durante uma visita. “É com coração apertado, mas apenas com vídeo chamada”, lamentou.

 

Do G1

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