Um caso raro de uma mãe que teve um bebê mesmo usando o método contraceptivo DIU (dispositivo intrauterino) no Rio foi registrado no último domingo (4) pela fotógrafa Michelle Oliveira.
A informação foi publicada inicialmente pela revista Crescer. De acordo com a publicação, a carioca Paula dos Santos Escudero Alvarez, de 32 anos, teve o seu segundo filho no fim de semana e primeiro, Gabriel, foi concebido mesmo quando ela usava um outro método contraceptivo: a pílula anticoncepcional.
Aquela velha história de terror conhecida como “Engravidei mesmo me precavendo”, apesar de rara, pode sim acontecer. Mas vamos desmitificar alguns pontos:
1. O DIU impede a gestação através de dois processos simultâneos: uma inflamação no interior do útero, resultado da inserção do dispositivo no corpo da mulher, e também pela liberação de íons ou hormônios.
A liberação de íons acontece no uso de DIU de cobre, prata ou ouro. Quando inseridos no útero, esses dispositivos soltam íons que tornam os fluidos das tubas uterinas inóspitos aos espermatozoides — quando eles chegam a essa região, não conseguem fecundar os óvulos.
Já no caso do DIU hormonal, a liberação torna o muco cervical mais grosso, impedindo que o espermatozoide consiga penetrar o útero; dificulta a passagem do óvulo para o útero e também pode afetar o desenvolvimento do espermatozoide, fazendo com que eles não consigam sobreviver.
2. O bebê não nasceu segurando o DIU. A fotógrafa Michelle Oliveira colocou o DIU na mão do neném para a foto. O bebê não tem contato com o DIU durante a gestação. Embora os dois estejam dentro do útero materno, o bebê está envolvo do saco amniótico.
“Quando a mulher está com o DIU e acontece uma gravidez, a mulher pode, nos primeiros meses de gestação, retirar o DIU ou deixar a gestação evoluir. Deixar o DIU não irá causar uma má formação no bebê ou causar alguma lesão ao bebê”, explica Fabia Vilarino, ginecologista especialista em reprodução humana e professora de medicina.O DIU (dispositivo intrauterino) é um dispositivo no formato de ‘T’ que é inserido no útero para evitar a gravidez. Atualmente, há modelos de DIU de cobre, de prata, de ouro ou hormonal.
3. A gravidez com DIU é uma raridade e não traduz a realidade das usuárias do método, explica Ana Lúcia Beltrame, ginecologista e obstetra especializada em reprodução humana pela Escola Paulista de Medicina. “Gestações em mulheres que usam o DIU não são frequentes, são casos isolados”, afirma Beltrame. Segundo Fabia Vilarino, ginecologista especialista em reprodução humana e professora de medicina da faculdade São Camilo, o caso de Paula não deve ser avaliado como regra para todas as usuárias do método contraceptivo.
“O DIU tem falha como todos os métodos anticoncepcionais, mas ainda assim ele é um dos mais seguros que existem. Quando uma criança nasce de uma gestação que aconteceu apesar do DIU é uma coisa relativamente rara”, explica Vilarino.
4. Método está entre os mais eficazes. Em relação à eficácia do DIU e também à dos demais contraceptivos é importante salientar que não existe nenhum método infalível. “Todos os métodos têm eficácia menor que 100%, mas o DIU, seja hormonal ou não-hormonal, tem uma eficácia muito boa porque não depende da usuária se lembrar de tomar o medicamento, como acontece com a pílula”, explica Beltrame. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o DIU está entre os métodos contraceptivos mais eficazes, ficando atrás apenas dos métodos definitivos, como vasectomia e laqueadura.
5. Por que o DIU falha? De acordo com Beltrame, as mulheres que possuem o DIU devem realizar ao menos uma avaliação com o ginecologista por ano para avaliar se o dispositivo está posicionado corretamente, uma vez que a taxa de falha está relacionado ao deslocamento do dispositivo. “Caso o DIU esteja fora da posição, ele pode ser alocado para a posição correta novamente. É possível realizar o ajuste na posição do dispositivo ou também a sua completa retirada seguida da recolocação”, afirma Beltrame. A médica ainda recomenda que após a inserção do dispositivo, caso não tenha sido feita com o auxílio da visão ultrassonográfica, que a paciente faça um ultrassom para garantir que o DIU está dentro da cavidade uterina. “Ele tem taxa de eficácia de 99,4%. Ou seja, a cada 100 mulheres que usam o DIU, mais de 99 não irão engravidar usando o método, mas a taxa de falha existe”, afirma Flavia Fairbanks, ginecologista, obstetra e membro do Comitê Nacional de Sexualidade da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
6. O DIU se desloca. Por quê? Segundo Vilarino, o DIU pode se deslocar naturalmente, mas também pode acontecer do corpo da mulher rejeitar o dispositivo. “Isso acontece quando o útero da mulher começa a se contrair tanto a ponto de quase expulsar o dispositivo. Nesses casos, as mulheres normalmente procuram um médico por conta das cólicas intensas e identificam o problema”, explica Vilarino.
7. Como saber que o DIU saiu do lugar? De acordo com as especialistas, é importante procurar atendimento médico em caso de sangramento, cólica intensa, dor ou algum outro sintoma diferente para ver se há alguma alteração no posicionamento do dispositivo intrauterino que possa prejudicar a eficácia do contraceptivo.
8. SUS coloca o DIU de graça. O DIU de cobre está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) e está disponível em Unidades Básicas de Saúde (UBS) e hospitais com atendimento ginecológico. É importante pesquisar na internet a UBS mais próxima da sua casa e ligar para descobrir se o procedimento está disponível. O dispositivo pode ser colocado em mulheres de diferentes idades, desde a adolescência até a menopausa.
com informações do G1