‘Homem de bem’: ex-vice presidente estadual do PL é acusado de abuso sexual de filha e netas

Mais um “homem de bem” tem sua máscara arrancada. O ex-presidente da Câmara de Suzano (SP) e ex-vice-presidente do Partido Liberal (partido do presidente Jair Bolsonaro) em São Paulo, José Renato da Silva, é acusado pela filha de ter abusado sexualmente dela quando tinha 7 anos e, anos depois, das filhas dela a partir dos 6 e 7 anos. As netas teriam sido abusadas por um período de 9 anos.

Em um relato em uma rede social , publicado nesta quarta-feira (6), Cintia Renata Lira da Silva diz que o pai agora foi indiciado pelos crimes e que por décadas manteve o abuso que sofreu em segredo.

Esse pensamento continuou até o dia em que eu descobri que ele, meu pai, também tinha abusado das minhas filhas. Sem dúvidas, foi o pior dia da minha vida. Parecia que o mundo era apenas um campo magnético que me puxava para baixo. Não sabia sequer que direção tomar. Relembrar esse dia dói mais do que relembrar o próprio abuso que sofri. Como ele pôde? Com minhas filhas? Por semanas senti vergonha, culpa e fragilidade, tristeza e indignação. A coragem que nunca tive enquanto filha, tive enquanto mãe.”

De acordo com a polícia, uma das vítimas foi ouvida e o inquérito foi instaurado no dia 8 de abril de 2022. Dias depois, o inquérito foi aberto. No site do Tribunal de Justiça de São Paulo conta que Silva responde a um processo por estupro de vulnerável.

Um documento da Justiça Eleitoral aponta que José Renato deixou de ser vice-presidente do PL no dia 6 de abril de 2022.

Já o deputado estadual André do Prado (PL) enviou nota informando que Silva era funcionário do gabinete da Liderança do Partido Liberal na Assembleia Legislativa e que, depois da denúncia, foi protocolada a exoneração do ex-vereador no dia 12 de abril. A decisão foi publicada no dia 13 de abril no caderno do Poder Legislativo no Diário Oficial.

“Recebi a informação com indignação e estarrecimento. A violência sexual contra vulneráveis é o mais repudiável dos crimes e exige uma postura austera. O caso segue em segredo de Justiça. Me solidarizo e deixo expresso meu total apoio às vítimas”, disse o deputado na nota.

Relato

Na postagem, Cintia que atualmente é secretária de Administração do município de Suzano, na Grande São Paulo, relata o abuso sofrido por ela.

Quando eu tinha seis anos de idade meu pai me convidou para tomar banho com ele. Esse banho mudou o resto da minha vida. Após o abuso ocorrido, eu apaguei 7 anos da minha memória e uma grande parte da minha infância. Era como se eu tivesse dormido com 6 e acordado com 13 anos. Não tenho lembranças desse período, nem boas e nem ruins“.

Cintia afirma que como apenas ela e o pai sabiam do que tinha acontecido, ela preferiu manter o silêncio, inclusive por medo do que poderia acontecer com ele e de ser culpabilizada. “Com o passar do tempo acreditei que poderia esquecer, apagar as imagens da minha mente e seguir como se nada tivesse acontecido. Apesar de nunca ter tocado nesse assunto com ninguém, ele me assombrava todos os dias“.

A secretária também lembra que foi acolhida por muitas pessoas, mas que algumas não conseguem entender. Cintia afirma que eventualmente se depara com comentários que ferem, como: “Ah, não teve conjunção carnal, né? Então menos mal. Só seguir.”

Para Cintia, as pessoas que disseram isso podem ter enxergado a ela e às filhas como mulheres adultas “supostamente saudáveis”, mas não tiveram sensibilidade. “Eu, uma criança com 6 anos apenas, e minhas filhas tinham 6 e 7 aninhos quando começaram os abusos feitos pela mesma pessoa, o avô. Elas continuaram sendo abusadas pelos 9 anos seguintes”.

A secretária afirma que apesar de a decisão de falar ter sido difícil, ponderou que era importante tornar o caso público.

“Existe muita especulação sobre o assunto. Mas essa é a verdade. Foi difícil chegar até aqui e enfrentar tudo de frente. Mas, após pensar muito, cheguei à conclusão de que falar publicamente poderia ajudar mais pessoas, mais crianças, mais mulheres.”

 

com informações do g1

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