Tese de doutorado premiada que relaciona o papel de grandes veículos ao crescimento do bolsonarismo, é censurada pela UFPE

No Curso de doutorado em Serviço Social na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Fabíola Mendonça de Vasconcelos defendeu a tese intitulada Mídia e Conservadorismo: O Globo, A Folha de São Paulo e a Ascensão de Bolsonaro e do Bolsonarismo. O trabalho aborda a contribuição dada por dois jornais à ofensiva conservadora que resultou na eleição de Jair Bolsonaro como Presidente da República, nas eleições de 2018.

No dia 11 de agosto, a tese conquistou “Menção Honrosa no Prêmio CAPES de Tese de 2022” – o maior reconhecimento feito a autores de teses de doutorado no país. O assunto, entretanto, não pôde ser divulgado pelos veículos internos na universidade.

A informação foi publicada na coluna do jornalista Valmir Moratelli, da Revista Veja.

De acordo com a coluna, o assessor de comunicação da UFPE, em mensagem enviada ao orientador da doutora, professor Marco Mondaini, citou a Lei complementar n. 64, de 1990, afirmando que “nos três meses que antecedem a eleição, o chamado defeso eleitoral, é vedada a publicidade institucional, independentemente de seu caráter eleitoreiro ou de seu teor informativo, educativo ou de orientação social”.

O caso revoltou o meio acadêmico. “É inadmissível concordar com a ideia de que uma tese de doutoramento possa ser considerada uma peça de ‘publicidade institucional’, pois, se for esse o entendimento, a própria CAPES infringiu a Lei Eleitoral ao publicar no Diário Oficial da União a premiação atribuída à autora da tese, seu orientador e o Programa de Pós-graduação onde a mesma foi defendida”, diz o orientador Mondaini.

Após publicação da nota, Bruno Pedrosa Nogueira, superintendente de comunicação da UFPE e docente no Centro de Artes e Comunicação, enviou o seguinte posicionamento à coluna: “Eu gostaria de deixar registrado que nunca, em momento nenhum, houve qualquer proibição ou veto da divulgação da pesquisa. Nossa repórter informou para a entrevistada que existe uma regra para a comunicação do serviço público durante o período eleitoral e que, caso não fosse possível publicar agora, que sairia de forma ampliada em nosso boletim de pesquisa em novembro.

Ainda de acordo com o colunista da Veja, ele chegou a conversar com Fabíola, a orientanda. “No entanto, Marco Mondaini, o professor orientador, não atende minhas ligações”.

 

Com informações da Revista Veja

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