O Brasil acompanhou estarrecido as cenas lamentáveis da última reunião do Partido Liberal na Paraíba. O evento, que aconteceu no último sábado (10), no município de Soledade, se tratava de “um encontro de conservadores e aliados de Bolsonaro, com o objetivo de debater assuntos relativos ao desenvolvimento econômico da região”. Houve bate boca, briga e alguém levantou a hipótese de que um dos presentes chegou a puxar um revólver. Sobre essas cenas, digna do Porta dos Fundos, com direito à tentativa de acalmar os ânimos tocando o Hino Nacional, vocês já sabem, e se não sabem, cliquem aqui.
Mas o fato é que a rinha de bolsonaristas tem um motivo bem específico: dinheiro.
Numa pesquisa minuciosa realizada no Divulga Contas do TSE, é possível entender, em parte, o que se passa entre as candidatas e candidatos do PL nessas eleições.
De acordo com o Divulga Contas, há discrepâncias gigantescas no repasse do fundo partidário.
Na lista dos concorrentes à vaga na Assembleia Legislativa, constam 37 nomes, sendo 12 mulheres. Na distribuição do fundo, apenas 13 candidatos receberam verba, que gira em torno de R$ 15 mil, com exceção de Walber Virgulino e Caio Roberto, que concorrem à reeleição e receberam R$ 200 mil cada um. Moacir Carneiro, que também concorre à reeleição, ficou dentro da cota dos R$ 15 mil.
A lista dos que concorrem à Câmara Federal é mais interessante. São 13 candidatos, sendo 4 mulheres. Desses, 3 deles ainda não informaram ao Divulga Contas quanto receberam do partido: Arthur Cunha Lima, Ricardo Maia e Policial Caio, que por sua vez, seria a pessoa a tentar puxar uma arma durante o evento do último sábado. Coincidência apenas.
As quatro candidaturas femininas não têm do que reclamar. Somando os repasses do PL à essas candidaturas, o montante chega a R$ 650 mil e todas elas foram contempladas. Uma delas, a Cantora Munique, já recebeu, sozinha, R$ 250 mil, valor maior do que o do Cabo Gilberto, deputado estadual com grande alcance no campo bolsonarista, que recebeu R$ 176 mil.
Wellington Roberto (que deu início à confusão do último sábado), deputado federal que concorre à reeleição, recebeu do PL o valor de R$ 1.100.000, mais do que o próprio candidato à governador, Nilvan Ferreira, que teve que se contentar com R$ 1 milhão. Nilvan também recebeu menos que o candidato à senador do partido, Bruno Roberto, R$ 1.020.000.
Caio Roberto e Bruno Roberto são filhos de Wellington Roberto e é mais uma incrível coincidência que os Robertos tenham sido os grandes beneficiados do fundo partidário do Partido Liberal.
E aqui fica o reconhecimento para a Cantora Munique, que mesmo com uma trajetória política praticamente desconhecida do eleitorado paraibano, conseguiu a segunda maior verba de campanha do PL na corrida ao Congresso Nacional.
Taty Valéria