Criança grava abuso sexual para provar à família; menino já havia informado o abuso, mas foi ignorado

By 11 de novembro de 2022Brasil, Justiça, Machismo mata

imagem ilustrativa

Imagine a situação: você é uma criança de 9 anos que está sofrendo abuso sexual por um homem que é “amigo” da família. Você diz aos seus pais, mas eles não acreditam. Foi o que aconteceu com um menino de 9 anos, morador de Juiz de Fora (MG) e que representa a atual situação de 19 mil crianças menores de 10 anos no Brasil. O menino também faz parte de outra estatística assombrosa: em 2021, 8 de cada dez vítimas de abuso sexual infantil foi atacado por alguém próximo: parente ou amigo.

Depois de gravar o próprio abuso e entregar para a família, a polícia foi acionada. As investigações em Juiz de Fora apontam que o homem era conhecido da família e frequentava a casa da criança. De acordo com a delegada que investiga o caso, Alessandra Azalim, o menino escondeu o celular para conseguir gravar a cena. Depois, entregou o vídeo para a mãe, que procurou a polícia para denunciar. “Ele (o menino) fala no vídeo que tem a prova (para mostrar à família)”, explica.

Segundo a polícia, os dois abusos que ocorreram no mesmo dia da gravação foram praticados na casa da avó do menino, enquanto ela estava descansando. A delegada não informou onde aconteceu o primeiro caso relatado, para não fornecer detalhes que possam identificar a criança. Questionada se a família pode ter sido negligente, já que a criança havia relatado um abuso anterior, a delegada disse que preferia não se manifestar. A permissão da Justiça para a prisão temporária de 30 dias saiu na semana passada, e os investigadores passaram a fazer campanas e monitorar a rotina do suspeito.

A permissão da Justiça para a prisão temporária de 30 dias saiu na semana passada, e os investigadores passaram a fazer campanas e monitorar a rotina do suspeito. Nesta quinta-feira (10), pouco antes das 7h, ele foi preso ao sair de casa, na região sul de Juiz de Fora. O homem disse para os policiais que trabalha como zelador, e não negou o fato com a criança, mas deu outra versão. “É normal de um abusador difamar a imagem da vítima. Existe o relato de uma criança associado a um vídeo, confirmado pela família, e uma fala coerente da criança”, afirma a delegada.

Nem as identidades e nem a gravação foram divulgadas, mas a polícia não tem dúvidas da autoria do crime. “Houve o ato libidinoso. São vários elementos que nos levam a demonstrar indícios da autoria”, reforça Azalim. Todos os abusos relatados pela criança ocorreram esse ano, de acordo com a polícia. O homem não tinha passagem pela polícia e está preso na Penitenciária Ariovaldo Campos Pires, enquanto o inquérito segue com novas perícias.

 

da redação, com informações do UOL

 

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