Em release enviado à imprensa na noite desta terça-feira (29) e divulgado com certa “urgência” por alguns veículos de comunicação, a Prefeitura de João Pessoa anunciou que terá a folha de pagamento de seus servidores processada a partir do próximo mês de janeiro pelo Banco de Brasília S. A. (BRB). Ainda de acordo com as informações, a Secretaria de Administração (Sead) está em fase de assinatura do contrato com o novo banco. A mudança vai garantir R$ 60 milhões em recursos para a gestão municipal investir em projetos e obras e oferecer melhores condições para transações bancárias aos servidores.
O secretário de Administração, Valdo Alves, informou que o BRB fez uma proposta à Prefeitura de João Pessoa mais vantajosa que o contrato vigente com o banco Bradesco, que é de R$ 40 milhões.
Para os servidores, dentre outras vantagens, o novo banco ofertará menores taxas de juros, do cheque especial e novos prazos de financiamento.
Valdo Alves esclarece que a contratação do banco acontece na modalidade de dispensa de licitação. “Não só pelo fato de o BRB ser um banco público, como também por vantajosidade do contrato. Já existe decisão do Tribunal de Contas da União autorizando a contratação de bancos de folha de pagamento com dispensa de licitação”, explica. Enquanto está na fase de assinatura de contrato, os servidores seguirão recebendo seus salários normalmente pelo Bradesco e os detalhes da mudança de banco e portabilidade para os servidores serão esclarecidos em breve. Até aí tudo bem. Mas o que os servidores pessoenses sabem sobre o banco BRB?
Em março de 2019, a Polícia Federal no DF deflagrou uma nova fase da operação Circus Maximus, que investigava fraudes em fundos de pensão. A ação contou com o apoio da PF no Rio de Janeiro.
À época, o Ministério Público Federal (MPF) investigava um suposto esquema criminoso no Banco BRB, que teria movimentado R$ 348 milhões e pagado propina no valor de R$ 40 milhões. Ao todo, 17 pessoas foram denunciadas pelo MPF envolvidos nas supostas irregularidades. Eles respondem por crimes contra o sistema financeiro, gestão fraudulenta, corrupção e lavagem de dinheiro. Longe de mim afirmar que o BRB teria algum envolvimento com o esquema, até porque, três anos após essa péssima fase, o BRB fechou o ano de 2021 com 3 milhões de clientes e um lucro histórico no valor de R$ 433 milhões, obtendo um crescimento de 38,1% em relação ao mesmo período de 2020. Um ótimo case sobre gerenciamento de crise.
Uma busca no site Reclame Aqui e observei que a maior parte das insatisfações gira em torno do atendimento do SAC, Serviço de Atendimento ao Consumidor e os números de atendimento que são fornecidos pelo site institucional do BRB parecem não funcionar. Outra reclamação comum diz respeito à solicitação de empréstimos, quando o cliente recebe o comprovante que o empréstimo foi liberado, mas o dinheiro não cai na conta. E em terceiro lugar, a questão das contas e cartões cancelado pelos clientes que continuam recebendo boletos de cobrança. Isso pode ser uma complicação a mais para os servidores da Prefeitura Municipal de João Pessoa, uma vez que não existe agência do BRB na Capital e o site do banco não é o que podemos chamar de interativo e orgânico.
De todo modo, como bem frisou o secretário de Administração, “os detalhes da mudança de banco e portabilidade para os servidores serão esclarecidos em breve”.
Taty Valéria com informações da Revista Veja, Ministério Público Federal e Reclame Aqui