Belo Horizonte, madrugada do sábado (29) para o domingo (30). Uma jovem de 22 anos vai ao um show, e bebe demais. Na hora de ir embora, um amigo chama um carro de aplicativo e a moça vai sozinha. O amigo ainda tem o cuidado de compartilhar a viagem com o irmão dela.
Câmeras de segurança mostram que o carro chegou à casa da moça às 3h. Com ajuda de um pedestre, o motorista coloca a moça sentada no meio fio, apoiada em um poste. Ela está inconsciente. O motorista toca a campainha da casa por quase dez minutos, mas ninguém atende. Ele deixa a jovem sentada, desacordada, e vai embora.
Poucos minutos depois, um homem passa na rua, vê uma jovem desacordada sentada no meio fio, encostada num poste. Ele carrega a mulher pelo ombro por alguns quarteirões do bairro. Ela foi estuprada.
De acordo com o histórico policial, o homem a levou para um campo de futebol no mesmo bairro, quando ela foi encontrada seminua e acordada por populares na manhã do dia seguinte.
Graças às imagens de câmeras de segurança, o suspeito de cometer o crime foi localizado pela polícia e preso na noite de domingo. Vídeos mostram ele saindo sozinho do campo, por volta das 7h08.
À polícia, ele disse que viu a moça desacordada e sozinha na rua e quis a levar para um local seguro. Ele negou o crime e contou que ela vomitou na roupa durante o trajeto em que foi carregada. As vestimentas que ele usava serão periciadas.
Em nota, a Polícia Civil de Minas Gerais disse que o suspeito prestou depoimento e foi preso em flagrante por estupro de vulnerável. Ele foi encaminhado para o sistema prisional e segue à disposição da justiça. O caso será investigado.
Onde estão os erros?
- O amigo teve o cuidado de compartilhar a corrida com o irmão dela, mas ele se certificou que o irmão havia recebido a mensagem?
- O irmão recebeu a mensagem? E se ele tivesse em sono profundo? E se por isso, também, ele não ouviu a campainha tocar? Não havia mais ninguém em casa?
- O motorista passou quase 10 minutos tocando a campainha. O que ele deveria (ou poderia) ter feito além?
- Quando você passa na rua e vê uma moça desacordada, qual sua reação? Passa direto? Tenta acordá-la? Chama a polícia? Leva no hospital? Carrega a moça nos braços para um terreno baldio?
São questionamentos que certamente serão averiguados pela investigação da polícia e é possível apurar responsabilidades para além da violência sexual, mas o cerne da questão é ainda mais complexo. Não dá para tirar conclusões sobre a cadeia de eventos que culminou no estupro, mas dá pra se resumir tudo num ponto básico: um corpo feminino será sempre um corpo disponível.
Taty Valéria, com informações do g1/MG