Nesta quinta: Juventude Camponesa do Polo da Borborema realiza 10ª Feira Cultural e Agroecológica em Arara

By 28 de novembro de 2023Especiais, Paraiba

Próxima quinta-feira (30), a juventude camponesa dos municípios que fazem parte do Polo da Borborema realiza a 10ª Feira Cultural e Agroecológica da Juventude, no centro do município de Arara, ao lado da Igreja Matriz. O evento vai reunir cerca de 450 jovens da zona rural do município sede, além de Remígio, Esperança, Areial, Alagoa Nova, Lagoa Seca e Queimadas.

Das 8h ao meio dia, haverá vendas de produtos da agricultura familiar agroecológica – in natura, beneficiados, mudas e artesanato – em 20 barracas e também muita informação sobre o bioma Caatinga circulando no ambiente entre organizadores, feirantes e clientes.

O tema desta edição da feira é Caatinga Viva, Floresta em Pé: em defesa da Borborema Agroecológica. “Percebemos que precisamos falar mais da urgência da conservação e preservação do nosso bioma que, durante muito tempo, foi tido como sem vida, sem importância. Principalmente, agora, que nosso território está sendo alvo das indústrias de energia renovável”, realça Adailma Ezequiel, uma das lideranças da juventude do Polo da Borborema.

Único no mundo e degradado – A Caatinga tem metade de sua área desmatada, com centenas de espécies em risco, segundo pesquisa das universidades federais do Rio Grande do Norte, ABC (UFABC) e da USP (Universidade de São Paulo).O estudo “Áreas Prioritárias de Restauração da Caatinga” foi realizado entre 2014 e 2021 e publicado em março do ano passado na revista científica Journal of Applied Ecology.

O desmatamento amplia a deficiência hídrica da região e aumenta ainda mais a irregularidade de chuvas. Isso tudo leva a região semiárida a se tornar árida, com características similares a deserto, o que já é realidade no Norte da Bahia, como foi anunciado esse mês pela imprensa.

Sequestro de carbono – Além disso, a Caatinga é, entre as florestas estudadas no mundo, a mais eficiente em termos de sequestro de carbono mesmo em período de seca, quando as folhas caem.

“Em área de Caatinga mais úmida – essa que temos na Borborema – ela sequestra até cinco toneladas por hectare. Em área mais seca, entre 1,5 a 3 toneladas/hectare”, revela Aldrin Martin Pérez-Marin, pesquisador do Instituto Nacional do Semiárido (INSA), ligado ao Ministério das Ciências e Tecnologias.

Segundo Aldrin, de cada 100 toneladas de gás carbônico sequestrado, 45 toneladas ficam no sistema em forma de madeira. “Se estoca carbono tanto na vegetação, quanto no solo. Nessa Caatinga mais densa, temos quantificado 125 toneladas de carbono estocadas por hectare. Nas áreas mais abertas, 85 toneladas. Quando transformamos essas áreas em parques eólicos e solares, esse carbono é emitido [para a atmosfera].”

Desmatamento das indústrias de energia – O Relatório Anual do Desmatamento (RAD), divulgado pelo MapBiomas, revelou que, em 2022, mais de 4 mil hectares da Caatinga (4 mil campos de futebol) foram desmatados devido às atividades das usinas de energia eólica e solar, incluindo as linhas de transmissão.

Esses dados evidenciam que, mesmo do ponto de vista climático, a geração de energia centralizada, por meio de grandes parques industriais instalados bem no meio da Caatinga, não reduz a emissão de gás carbônico para a atmosfera. Por isso, não provoca o efeito da descarbonização do planeta, como se divulga aos montes.

Se os quatro mil hectares de Caatinga, derrubados por conta da instalação dos parques eólicos e solares, tivessem em pé teríamos de 6 mil a 20 mil toneladas de carbono sequestrados por ano.

 

“Nós não estamos no bioma. Nós somos o bioma” – A relação entre bioma e povos que vivem nele não é de uso da área, simplesmente, mas de ser e viver como o bioma.

Quando se observa a Caatinga, se percebe que ela tem uma coloração branca acinzentada por pura estratégia, para refletir a luz do sol mas do que absorvê-la. Outra estratégia é perder as folhas para transpirar menos e acumular água no seu tronco.

Os povos do Semiárido, uma região, na sua maior parte, coberta pela Caatinga, precisa fazer reserva de água e alimento para passar pelo “verão”, época em que não chove e, portanto, não se planta.

Além disso, quem vive na Caatinga há gerações conhece as sementes, sabe quando é tempo de plantio, o que fazer para ativar o poder de germinação das sementes, qual a semente mais adequada para o inverno como mais ou menos chuvas. Conhece também o poder medicinal das plantas, entre tantos outros saberes acumulados pelas famílias catingueiras.

“Assim como a Caatinga, que quando dá a primeira chuva, se renova, somos nós, o povo da Caatinga, que se reinventa e se reconstrói na adversidade que vivemos”, declara Adailma.

Preparação para a feira – A feira regional é o ápice de um processo de formação que envolveu encontros municipais preparatórios e um intercâmbio em um assentamento de Remígio para uma imersão no bioma. Cerca de 240 jovens de oito municípios participaram de todo o processo.

Programação – Como evento cultural, estão previstos música, teatro de rua encenado pelos jovens do Polo e teatro de bonecos. Entre uma apresentação e outra, estão previstas falas sobre a importância das políticas públicas para a defesa do bioma e das vidas abrigadas na Caatinga, humanas e não-humanas.

Hora Atividade
8h Banda de forró de Arara: Chamego da pisadinha

Apresentação da Banda Marcial de Arara

9h Abertura Oficial + Acolhida das caravanas
9h10 Esquete Teatral
9h30 Depoimentos
10h30 Teatro de Boneco (Apresentação de Alisson)
11h15 Fala Política
12h Encerramento

 

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