Artigo: Meninos vestem ódio, meninas vestem liberdade. Pesquisa aponta divergência ideológica entre gêneros na geração Z

 

O mundo em constante mudança vai apresentando a realidade para todes de geração em geração. Quando falamos de nós, mulheres, temos sempre muitos pontos a observar, numa constante evolução de direitos básicos que já eram realidade para os homens da mesma época. O direito a ir e vir sem supervisão masculina, o direito a fala, ao voto, direito de estudar, trabalhar fora de casa, escolher determinadas profissões, a dizer não, a denunciar assédio, etc. Nada veio de graça, sem muita luta, muito esforço coletivo, sem bruxas queimadas, sem mulheres presas, apanhando, torturadas, subjugadas. Hoje podemos vislumbrar um mundo um pouco menos desigual em muitos países; outros ainda miseravelmente misóginos, mas tudo sempre em efervescente ebulição.

Diante de tudo isso, apreciamos também o movimento masculinista de resistência. Dotados de privilégios que facilitam suas vidas, os homens resistem a ceder às mudanças, mas vão sendo vencidos pouco a pouco e convencidos de que é preciso justiça e equidade entre gêneros. Pero no mucho. Quando esperamos que os homens evoluam junto, passem a defender os direitos das mulheres, somos surpreendidos por comportamentos retrógrados vindo justamente de pessoas mais jovens. A geração Z (nascidos entre 1995 e 2010) vem mundialmente se incomodando com o feminismo e gerando uma nova onda de conservadorismo masculinista. Isso é o que apresenta uma pesquisa recente, divulgada pelo Financial Times, que afirma que as mulheres desta geração estão mais progressistas e os homens mais conservadores. Isso vem se refletindo, por exemplo, nas eleições, aonde os partidos de extrema-direita têm ganhado votos majoritariamente masculinos.

Vindo para a realidade brasileira, temos a nossa versão de extrema-direta tupiniquim, denominada bolsonarismo. Homens jovens e mais velhos unidos na defesa de pautas que colocam novamente as mulheres em lugares de subserviência, de silêncio, de submissão. Na defesa de padrões sociais que colocam os homens em situação de poder, de centralidade e sem falar no rolo compressor que querem passar nas pessoas LGBTQIA+, indígenas, quilombolas e quaisquer outros grupos que perturbem a existência hipócrita de uma sociedade heteronormativa masculina. Tudo isso sob discursos baseados na tríplice aliança deus (um que eles criaram e dizem ser o cristão), pátria (não sabemos bem qual, pois EUA e Israel têm bandeiras hasteadas aqui, enfim…) e família (incluindo a da amante).

Os jovens e adultos da geração Z estão com medo de perder privilégios e se vestem de ódio para lutar contra uma sociedade onde mulheres tenham o direito de existir sem a permissão deles. Estão assustados com a liberdade feminina, que ainda nem é plena, vale salientar.

As mulheres não recuarão. Os homens podem aprender a lidar com uma sociedade mais justa, entendendo que seus privilégios quase sempre ferem os direitos básicos das mulheres. E ainda podem aprender que o feminismo é muito mais que um grito pelas mulheres, é uma luta por uma sociedade justa, onde TODES ganham, independente de gênero e orientação sexual.

Viva a liberdade! Viva o direito das mulheres! Viva o feminismo!

 

Márcia Marques

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