Ainda no início do mês abril, publicamos aqui a normativa do Ministério da Saúde que incluiu gestantes e puérperas no grupo de risco para o novo coronavírus — ou seja, para o grupo de pessoas que têm mais chance de que a doença evolua para quadros graves. De acordo com informações da pasta, todas as grávidas ou mulheres que deram à luz estão mais suscetíveis aos efeitos da covid-19 por até 45 dias após o parto.
Passados quase dois meses do anúncio do Ministério da Saúde, e acompanhando as notícias sobre grávidas que morreram em decorrência da Covid-19, chegamos à triste conclusão que esse grupo de risco não está recebendo a devida atenção da rede de saúde.
Em Vitória, Espírito Santo, Daiane Galvão estava grávida de sete meses e foi internada com sintomas de Covid. Os sintomas se gravaram, os médicos fizeram uma cesariana de emergência e conseguiram salvar o bebê. Daiane não resistiu.
Eliane Ramos Rodrigues, estava grávida de oito meses, apresentou sintomas de coronavírus, passou por um parto de emergência e faleceu sem conhecer o filho. Ela morava em Manaus, no Amazonas.
Viviane Albuquerque morreu com o novo coronavírus em Recife, Pernambuco. Ela estava grávida de 31 semanas, o bebê foi retirado por meio de uma cesárea, ficou internado em estado grave na UTI Neo Natal, mas também não resistiu.
Joyce Rodrigues |
Aqui na Paraíba, Joyce Rodrigues morava em Santa Rita e começou a apresentar os primeiros sintomas da doença no início do mês de maio. Ela precisou ser internada às pressas, Na noite do última sábado (25), Joyce teve uma parada cardíaca. Os médicos fizeram uma cesariana de emergência, mas nem ela nem o resistiram. Ela não tinha nenhuma doença pré-existente.
Os casos estão espalhados por todo país, mas são poucas as ações específicas nesse sentido. Salvo raríssimas exceções, as maternidades públicas também padecem com a superlotação. Quais as medidas efetivas os estados e municípios estão tomando para garantir a segurança dessa parcela da população?
Na Assembleia Legislativa da Paraíba, tramita um projeto de lei da deputada Estela Bezerra que assegura a internação de grávidas na rede privada de maternidades, quando não houver vaga no serviço público, pelo período que durar a pandemia da Covid-19. É um caminho na garantia de que essas mulheres tenham o atendimento adequado e não corram mais riscos.
Pelo Congresso Nacional, tramitam projetos relativos à licença maternidade, mas nada relativo à atendimento médico.
Taty Valéria