Nesta sexta-feira (28), iremos apresentar às leitoras e leitores do Paraíba Feminina, mais um pré-candidato à vereador do campo LGBT. Acompanhe:
Dhell Félix tem 38 anos, ativista LGBT e luta pela igualdade racial e igualdade religiosa. Agente de direitos humanos, é publicitário, casado, natural de João Pessoa, e se considera um orgulhoso filho do bairro de Cruz das Armas. Na Prefeitura Municipal de João Pessoa, coordenou um programa de prevenção à violência homofobia, racismo e intolerância religiosa nas escolas em 2016, além de uma roda de diálogos com o CRC’s, com a mesma temática. Dhell é sócio-fundador do MEL – Movimento Espírito Lilás, e da Rede Gay Brasil, maior rede gay da América Latina, onde faz parte é coordenador de comunicação e tecnologia, e criou em 2018 o aplicativo Tia Lu, de prevenção à violência contra LGBTQ.
Fundou a ONG Iguais, onde pessoas LGBTQ em situação de violência recebem atendimento médico, psicológico e jurídico de forma gratuita. Filiado ao PV, Dhell faz questão de frisar que seu ativismo político e sua vivência política foi incentivado por Fernanda Benvenuti, Luciano Bezerra e Felipe Santos.
Por que você decidiu concorrer à uma vaga na Câmara Municipal?
Já tinha planos desde as eleições passadas, quando pretendia concorrer numa vaga na Assembleia Legislativa, mas resolvi esperar e pensar numa campanha local. Alguns vereadores representam nosso segmento na Câmara, mas está na hora de falarmos nós mesmo, a vez agora tem que ser nossa, nós que temos que gritar e reivindicar. Eu sei o que eu passo e eu sei o que eu sou. Uma coisa é passar isso para um outro parlamentar, outra coisa sou eu. Isso me deu força e fôlego de ir pra essa batalha, de dialogar, buscar votos e transformar a Câmara num ambiente menos homofóbico, racista e machista. O partido me fez esse convite e estou muito tranquilo.
Parlamentares com perfil LGBT ainda são raras exceções. Como pretende lidar com a homofobia institucional, especialmente num cenário político cada vez mais conservador?
Na Paraíba inteira, só temos um gay assumido numa Câmara Municipal, que é Jucinélio Félix, em Cajazeiras, e ele tem uma luta de resistência muito bacana. Na Câmara Federal, temos Jean Wyliys e David Miranda. Somos exceções porque eu considero que nos prendemos muito nas cozinhas dos partidos, muitos LGBTs são calados nos seus partidos, as vezes não tem como se impor e exigir uma candidatura com estrutura, com apoio e na rua. Eu vou lidar de forma do jeito que lido há mais de 20 anos, enfrentando todos os dias. Sabemos que existem vereadoras e vereadores homofóbicos dentro da Câmara municipal de João Pessoa. Sendo eleito, esse vai ser um enfretamento diário, o mesmo que já fazemos na rua, é hora de dar um basta! A homofobia e lgbtfobia têm que ficar no passado, e mais com esse cenário totalmente conservador e fascista as pessoas estão colocando seu ódio na rua sem pudor. Antigamente isso era camuflado, e usavam a religião como desculpa, e isso nem existe mais. Se for preciso gritar, nós vamos gritar, e iremos pra o enfrentamento todas as vezes que for preciso.
Quais os maiores desafios que você enfrentou até decidir concorrer?
Os principais desafios foram os mesmo que enfrentamos no dia a dia. Já sofro preconceito por ser gay, por ser negro e por ter uma religião que não está dentro dos padrões das religiões cristãs. As vezes enfrentamos dificuldades em alguns espaços, mas é preciso se empoderar do que você é, da sua voz, da sua cor e ir pra cima, vencer os desafios, colocar suas propostas na mesa, dizer que você não é fantoche e que está ali para concorrer. Dentro do partido foi bem tranquilo, eles têm apostado muito em mim. Foi uma pré-candidatura muito bem aceita porque houve muito diálogo e eu ocupei meu lugar no partido. Quando as pessoas começam a respeitar você, as coisas começam a acontecer.
Quais são suas principais bandeiras de luta, e como pretende trazer essas pautas para o trabalho na Câmara Municipal?
As principais bandeiras são o enfrentamento direto ao racismo e a intolerância religiosa, ampliar as políticas públicas e equipamentos de prevenção e apoio contra a violências contra a mulher e idosos e juventude, e com a população de rua, extremamente vulnerável.Também um olhar para o cuidados e proteção com os animais de rua. Pretendemos mudar a vida das nova gerações. Em cima disso, faremos um mandato popular, que escute as pessoas, que pense na cidade, mas cuidando das pessoas em primeiro lugar. Pensando especialmente nas juventudes pretendemos democratizar os espaços de lazer e transformar João Pessoa num lugar em que juventude pare de encontrar tanta violência. Vamos dialogar com os colegas vereadores, e quando sentirmos que algum projeto nosso não irá passar por uma questão de homofobia, nós iremos denunciar e ir pra cima dos racistas e intolerantes, e corruptos, e não deixar se corromper.
Saiba mais sobre Dhell Félix em seu perfil @dhell_felix