Assédio sexual sofrido por deputada em plenário paulista é o retrato de um Brasil mergulhado na cultura do estupro

 

Já falamos desse mesmo assunto tantas vezes… existe algum ambiente em que uma mulher se sinta verdadeiramente segura?

Na tarde da quinta-feira (17), durante uma sessão na Assembleia Legislativa de São Paulo, a deputada estadual Isa Penna (Psol) foi publicamente violada. Nas imagens, claras e nítidas, mostram o momento em que a deputada conversava com o presidente Cauê Macris (PSDB), quando um outro deputado, Fernando Cury (Cidadania) se aproxima por trás e apalpa o seio de Isa. Ao vivo, em público, na frente de outros colegas parlamentares. Ainda na quinta-feira, Isa Penna registrou um Boletim de Ocorrência por assédio sexual e uma denúncia formal por quebra de decoro contra Fernando Cury.

Nas cenas, Isa Penna reage e afasta o deputado com as mãos. Ele, então, põe a mão sobre o ombro da deputada, que reage novamente. Os dois gesticulam e conversam com o presidente por alguns minutos, até que Cury se afasta. “Eu estava de costas, só senti a mão dele escorregar na minha lateral. No momento em que eu senti, virei e falei para ele: ‘Quem você acha que você é? Você está louco? Passar a mão em mim assim?’ E empurrei, tirei a mão dele”, relatou Penna.

Segundo ela, um grupo de deputados estava bebendo antes do início da sessão. Cury, de acordo com a parlamentar, “estava com muito bafo de uísque”. Depois que ela o afastou, conta, o deputado fez “cara de mal entendido” e pediu desculpas. Mas, pouco depois, diz a deputada, Cury e outros parlamentares estavam “rindo do assunto”.

O ambiente político é majoritariamente machista e misógino, e as mulheres que conseguem chegar à esses espaços de poder, ainda precisam lidar com a violência institucional.

Às mulheres, cabem dois papéis distintos e nada confortáveis: ou se adequam ao modelo patriarcal vigente, e assim ficam “seguras”, porém silenciadas e sem espaço para confronto; ou se se posicionam firmemente e passam a sofrer com assédio verbal, moral, e como no caso de Isa Penna, assédio sexual.

O modelo de sociedade que se propõe a acabar com as violências contra as mulheres, precisa obrigatoriamente passar pelas mais altas instâncias de poder.

da redação, com informações do UOL

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