Caso Henry: como identificar uma criança vítima de violência?

By 9 de abril de 2021Brasil, Justiça

A morte do menino Henry Borel, de 4 anos, no Rio de Janeiro criou um alerta em relação a agressões contra crianças, especialmente durante a pandemia, quando as famílias estão em isolamento social. Ainda em 2020, conversamos com especialistas sobre a possibilidade real nos casos de abusos contra crianças e adolescentes.

Michelli Ferrari, Presidente da Comissão dos Direitos da Criança e do Adolescente da OAB-PB, nos contou que um dos maiores agravantes na questão do isolamento, diz respeito ao fato dessas crianças não estarem frequentando as escolas e creches, e seus responsáveis estarem trabalhando. “É importante dizer que esse afastamento cotidiano reduz o tempo em que as crianças estão em casa em contato com os abusadores e reduz as possibilidades de abuso. Além de que os profissionais que atuam nas redes de educação podem perceber que aquela criança está sofrendo abuso ou sendo negligenciada, e a escola acaba sendo uma das portas de entrada para a denúncia”.

Uma matéria publicada pelo site UOL nesta sexta-feira (9), corrobora a tese de Michelli. De acordo com a diretora-presidente do Instituto Liberta, Luciana Temer, “o afastamento das crianças e adolescentes da escola rompeu o principal canal de denúncias usado por elas para relatar a violência: o professor

Dados do Ministério da Saúde dizem que mais de 70% dos casos de abuso infantil acontecem dentro da residência. “O professor é um adulto que pode perceber esse tipo de situação, seja por uma marca física, por uma mudança no comportamento ou até mesmo por uma denúncia da criança. Sem ele, hoje essas vítimas estão impossibilitadas de se encontrar com alguém fora do ambiente familiar“, afirmou Luciana Temer.

Mas como identificar se uma criança pode estar sofrendo abuso ou sendo violentada com as escolas fechadas?

A Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP) lançou a segunda edição de uma cartilha em parceria com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e o Conselho Federal de Medicina (CFM) chamada Manual de Atendimento às Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência, que você pode acessar por este link. Nela, os especialistas, entre médicos e psicólogos, dão dicas de como identificar possíveis sinais de que uma criança está sofrendo algum tipo de violência.

Um dos principais alertas é uma mudança drástica de comportamento. É quando uma criança agitada passa a ficar mais quieta, acuada. Ou uma criança alegre que se torna triste e até agressiva. O adulto também deve ficar atento a sinais de agressão aparentes no corpo da criança, como vergões, roxos ou machucados. Os especialistas explicam, porém, que nem sempre as agressões deixam marcas no corpo.

A criança agredida, dizem os especialistas, também pode apresentar alteração no sono, seja ter insônia ou passar a dormir demais, e na alimentação. Neste caso, algumas podem passar a comer por ansiedade, enquanto outras podem se tornar anoréxicas ou desenvolver bulimia.

Outro possível sinal apresentado por uma criança que sofre violência é apresentar depressão, sinais de baixa auto-estima e deixar de confiar nas pessoas ao redor dela.

Muitas vezes as crianças precisam contar com a ajuda de um adulto de fora do ambiente familiar para contar suas angústias e fazer denúncias. Essa pessoa também pode monitorar a criança e perceber alguns sinais de violência sem mesmo que a vítima precise contar. Seja dentro ou fora do círculo familiar, é preciso prestar atenção aos sinais dados pelas crianças.

O mais importante aqui, é perceber os sinais. Se a criança não quiser aproximação com outro adulto, não force. Tente conversar e entender seus motivos. A responsabilidade pela vida e integridade das crianças não é só da família. Se você desconfiar de alguma situação desse tipo, não seja conivente.

Se perceber alguma atitude suspeita de abuso infantil, faça fazer uma denúncia pelo Disque 100 ou acione diretamente a polícia pelo 190 em casos extremos. O Conselho Tutelar da sua cidade também pode ser acionado, e nesse link, você encontra os telefones de todos os Conselhos de João Pessoa.

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