Caso Patrícia: o que os livros encontrados na casa do suspeito dizem sobre o crime?

By 28 de abril de 2021Justiça, Paraiba

Estamos acompanhando atentas no desenrolar das investigações sobre o assassinato de Patrícia Roberta. Na coletiva realizada na manhã desta quarta-feira (28), a delegada Emília Ferraz, da Delegacia de Crimes Contra a Pessoa (Homicídios) da Capital, afirmou que que Jonathan Henrique dos Santos é acusado de feminicídio e ocultação de cadáver.

Um ponto específico tem pautado a imprensa e causado um certo incômodo em que não se convence com respostas fáceis. Termos como “ocultismo, bruxaria e forças malignas” foram utilizados à exaustão, mas sem qualquer contexto que indique associação com o crime.

No apartamento do suspeito, foram encontrados livros, registros e material que apontam para essas práticas. As anotações, escritos e desenhos estão em poder da polícia. Mas uma imagem com os livros que estavam no apartamento de Jonathan foram apresentados como sendo de “magia e ocultismo”.

Listamos todos os livros que aparecem na imagem e fizemos um mínimo trabalho de pesquisa para entender do que se tratam:

Checklist, de Atul Gawande – O autor prova que podemos obter melhores resultados e encontrar saídas mais eficazes para quase todo tipo de dificuldade usando checklists. Ele explica como essas listas de verificação viabilizam algumas atividades complexas, de pilotar aviões de grande porte ou acompanhar o mercado de ações a construir arranha-céus.

A história do Crime Organizado – Neste livro chocante e convincente, o escritor David Southwell traça a história e a evolução do crime organizado e seus protagonistas em todo o território importante do mundo.

Ajuda-te pela nova auto-hipnose, de Paul Adams – O livro ensina o leitor a como ajudar-se pela hipnose, trazendo três novas formas de hipnose, onde o leitor aprenderá ter um bom controle sobre a mente, o corpo e a personalidade.

Nefaustus: Demônios e vampiros não são bonzinhos, de Flavio Bezerra da Silva – obra de ficção que conta a história de vampiros e demônios que se encontram em 1831, na Turquia, numa batalha pelo poder.

Montac, também de Flávio Bezerra da Silva – outra obra de ficção focada em 1789 que aborda o momento em que a ideia do Teocentrismo foi substituída pela filosofia do Antropocentrismo – em que o homem passa a ser o centro do universo.

No mundo da Luna, de Carina Rissi – O livro conta a vida de Luna, que está uma bagunça! O namorado a traiu com a vizinha, seu carro passa mais tempo na oficina do que com ela e seu chefe idiota vive trocando seu nome.

Harry Potter e a Ordem da Fênix – partimos da hipótese de que o Harry Potter não precise de apresentações.

Um dicionário.

O que esses livros apontam? De forma prática, absolutamente nada. Seria como tentar justificar um homicídio porque o criminoso leu a saga Crepúsculo; ou assistiu O Exorcista; ou mesmo porque gostava de ler sobre auto-ajuda. Dos livros apresentados, o mais perturbador talvez seja No mundo da Luna, já que ser traída pelo namorado e humilhada pelo chefe idiota represente de fato, um medo real. Em resumo, nada disso faz o menor sentido.

O perfil de Jonathan no facebook, em que ele se apresenta como Natan, possui conteúdo muito mais violento e perturbador.

Causa até um certo constrangimento que essa narrativa de “ocultismo, bruxaria e forças malignas” seja sequer, considerada como válida.

Contamos que o trabalho das investigações sigam pelo caminho que parece ser mais óbvio: os acessos de Jonathan na deep web. Que tipo de conteúdo ele acessava? Que fóruns ele participava? As respostas podem estar lá.

 

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