Eufrásia? Quem foi Eufrásia? Resultado de ampla pesquisa que lhe custou anos de envolvimento acadêmico e pessoal, Mariana Ribeiro, com a ajuda das amigas Ítali Collini e Elaine Fantini, trouxeram a público em março desde ano a biografia da primeira investidora mulher no Brasil, #QUEROSEREUFRASIA (Amazon Kindle): Eufrásia Teixeira Leite, que entre o final do século XXI e início do XX deu início secretamente (pois este direito só era concedido aos homens) a uma maior participação feminina em um mundo que, séculos depois, ainda é predominantemente masculino.
Hoje, somente 15% do total de analistas financeiros do país são mulheres, segundo levantamento da Apimec (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais). Já em bancos de investimentos, sua representatividade não passa de 10%. Se contarmos o total de CPFs de investidoras na B3, o número sobe para 21%, e com CFP® (Certified Financial Planner), a mais respeitada certificação global para atuar como planejador financeiro, as mulheres são 37% do total de 4 mil membros da Planejar ( Associação Brasileira de Planejadores Financeiros).
Para fazer frente a este bloqueio, Mariana Ribeiro, que teve seu primeiro estágio profissional em uma corretora de valores que operava mercado americano, fundou em outubro do ano passado o Financial Feminism Brasil, um movimento de “ocupação das mulheres”.
O Movimento tem estimulado novas entrantes no mundo dos investimentos. Mas como, em geral, elas têm menos propensão a risco, preferem aplicar seus recursos em investimentos mais conservadores. A pesquisa de raio-x feita pela Anbima (Associação Brasileiras das Indústrias dos mercados de Capitais e Financeiro) mostra que a representatividade por gênero entre esses investidores é praticamente meio a meio.
“A mulher é mais calma no processo. Menos agressiva e investe mais lentamente para, muitas vezes, chegar a um resultado melhor”, explica Ana Leoni, superintendente de educação da Anbima.
“As mulheres, se casadas, privilegiam investir para o futuro dos filhos. Se solteira e jovem, investe na carreira. Mas o fato é que elas sempre ponderam, perguntam mais e têm mais humildade em dizer que não entenderam”, pontua Ana.
Este perfil de investidora, coincide com o da advogada Cintia Falcão, da ACREFI (Associação Nacional das Empresas de Crédito, Financiamento e Investimento), que, apesar de ter entrado cedo no mundo das finanças, se diz conservadora com suas aplicações. “Prefiro ser cautelosa com meu dinheiro e separo um percentual pequeno para correr risco”. Hoje, 70% de seus recursos estão aplicados em renda fixa, 20% em fundos multimercados e 10% em alto risco.
Como toma as próprias decisões de investimentos, Cintia resolveu, depois de formada e já pós-graduada em sua profissão, fazer dois anos de MBA em Finanças no Insper, em 2008.
“A especialização abriu a minha mente. Comecei a entender e tomar gosto. Percebi como poderia usar este conhecimento em meu benefício para realizar sonhos”, explica a advogada, que teve seu primeiro emprego assim que terminou a faculdade no banco Votorantim, como assistente jurídica.
No começo, conta que era assustador, porque o ambiente era predominantemente masculino. “Eu trabalhava na consultoria na área de negócios para o varejo e a partir daí comecei a entender melhor como os produtos financeiros são montados e como funcionam para dar lucro”. Cintia explica que hoje a tecnologia ajuda muito não só nas aplicações por meio das plataformas de investimentos, mas também nas finanças domésticas. “Dá para comparar preço de tudo sem sair de casa.