Um grupo de pastoras evangélicas de diferentes denominações protestantes do Espírito Santo se uniu no início de setembro para debater ações práticas de combate à violência contra as mulheres dentro das igrejas.
A iniciativa visa promover a sensibilização dos líderes das igrejas sobre o tema, além de capacitar as vítimas que não possuem independência financeira.
O projeto foi elaborado há quase seis meses e será colocado em prática agora. As igrejas que aderirem à proposta ganharão um selo especial: o “Viver em Paz“.
Segundo a líder da Igreja Batista Evangélica de Vitória do Espírito Santo (IBEV—ES), Andreia Bolzan, o grupo é composto por 20 pastoras pertencentes a mais de 15 denominações protestantes diferentes, entre pentecostais, não-pentecostais e neo-pentecostais.
As líderes enfrentarão um tema que ainda hoje é considerado um tabu dentro das igrejas. “São mulheres corajosas que se levantaram para dizer que existe sim o problema da violência contra a mulher no meio cristão. Não deveria existir e queremos acabar com isso”, destacou.
Violência contra as mulheres
Apesar da carência de informações por parte do estado, um levantamento sobre o assunto promovido pela Casa Sofia (espaço de atendimento para as mulheres alvos de violência em São Paulo) revelou que 40% das mulheres atendidas declararam serem evangélicas. No Brasil, estima-se que 30% da população seja protestante.
A escritora e socióloga Valéria Cristina Vilhena, doutora em Educação, História e Cultura, mestre em Ciências da Religião, autora do estudo, afirma que trabalhos deste tipo demonstram o reconhecimento de que as mulheres evangélicas não estão isentas da violência, pelo contrário.
Infelizmente, há muitos casos e depoimentos coletados que mostram que elas são orientadas por líderes a permanecerem no casamento, mesmo sendo alvos das mais variadas formas de violência, inclusive a física.
“[Um pastor] Orientou uma mulher a ter mais paciência, a aprender a lidar com o marido. Aquela mulher decidiu que nunca mais buscaria ajuda do pastor. Terminou se separando, mas não abandonou a igreja. O exercício da fé a mantinha forte, mas preferia sentar no último banco da igreja”, contou Valéria.
Entre as principais ações do grupo, estão:
• Sensibilizar os pastores, líderes das igrejas, a se comprometerem com o projeto
• Criar um selo “Viver em Paz” para as igrejas que adotarem o projeto
• Criar multiplicadores nas igrejas para o trabalho de orientação e conscientização
• Criar rodas de conversa sobre o tema
• Realizar palestras de prevenção para crianças, adolescentes, jovens, mulheres e homens
• Atuar na identificação da profissionalização das mulheres, ajudando—as na busca de independência financeira
• Oferecer ou orientar sobre como obter apoio para as questões emocionais
• Capacitar as instituições e membros da comunidade para lidar com o tema
• Realizar, mais a frente, pesquisa no meio evangélico sobre o tema
• Criar uma campanha de incentivo ã denúncia, por vizinhos e familiares, além das vítimas
do site Razões Para Acreditar