Pastoras evangélicas se unem para combater violência contra as mulheres nas igrejas

By 12 de setembro de 2019Brasil, Lute como uma garota

Um grupo de pastoras evangélicas de diferentes denominações protestantes do Espírito Santo se uniu no início de setembro para debater ações práticas de combate à violência contra as mulheres dentro das igrejas.

A iniciativa visa promover a sensibilização dos líderes das igrejas sobre o tema, além de capacitar as vítimas que não possuem independência financeira.

O projeto foi elaborado há quase seis meses e será colocado em prática agora. As igrejas que aderirem à proposta ganharão um selo especial: o “Viver em Paz“.

Segundo a líder da Igreja Batista Evangélica de Vitória do Espírito Santo (IBEV—ES), Andreia Bolzan, o grupo é composto por 20 pastoras pertencentes a mais de 15 denominações protestantes diferentes, entre pentecostais, não-pentecostais e neo-pentecostais.

As líderes enfrentarão um tema que ainda hoje é considerado um tabu dentro das igrejas. “São mulheres corajosas que se levantaram para dizer que existe sim o problema da violência contra a mulher no meio cristão. Não deveria existir e queremos acabar com isso”, destacou.

Violência contra as mulheres

Apesar da carência de informações por parte do estado, um levantamento sobre o assunto promovido pela Casa Sofia (espaço de atendimento para as mulheres alvos de violência em São Paulo) revelou que 40% das mulheres atendidas declararam serem evangélicas. No Brasil, estima-se que 30% da população seja protestante.

A escritora e socióloga Valéria Cristina Vilhena, doutora em Educação, História e Cultura, mestre em Ciências da Religião, autora do estudo, afirma que trabalhos deste tipo demonstram o reconhecimento de que as mulheres evangélicas não estão isentas da violência, pelo contrário.

Infelizmente, há muitos casos e depoimentos coletados que mostram que elas são orientadas por líderes a permanecerem no casamento, mesmo sendo alvos das mais variadas formas de violência, inclusive a física.

“[Um pastor] Orientou uma mulher a ter mais paciência, a aprender a lidar com o marido. Aquela mulher decidiu que nunca mais buscaria ajuda do pastor. Terminou se separando, mas não abandonou a igreja. O exercício da fé a mantinha forte, mas preferia sentar no último banco da igreja”, contou Valéria.

Entre as principais ações do grupo, estão:

Sensibilizar os pastores, líderes das igrejas, a se comprometerem com o projeto
Criar um selo “Viver em Paz” para as igrejas que adotarem o projeto
Criar multiplicadores nas igrejas para o trabalho de orientação e conscientização
Criar rodas de conversa sobre o tema
Realizar palestras de prevenção para crianças, adolescentes, jovens, mulheres e homens
Atuar na identificação da profissionalização das mulheres, ajudando—as na busca de independência financeira
Oferecer ou orientar sobre como obter apoio para as questões emocionais
Capacitar as instituições e membros da comunidade para lidar com o tema
Realizar, mais a frente, pesquisa no meio evangélico sobre o tema
Criar uma campanha de incentivo ã denúncia, por vizinhos e familiares, além das vítimas

do site Razões Para Acreditar

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