Atenção, meninas! Estudo revela que dieta ‘low-carb’ acelera o envelhecimento

By 14 de setembro de 2019Brasil


A chave para emagrecer com saúde, sabe-se quase de cor, é o casamento adequado entre reeducação alimentar e atividade física. Trata-se de uma guerra, nem tão metafórica assim — e não é raro que se apele às promessas milagrosas das dietas da hora, essas que vão e vêm. As estatísticas globais, o Brasil incluído, são conclusivas: seis em cada dez adultos que recorrem a algum tipo de regime para perder peso optam pela redução de carboidratos — adotam uma dieta low-carb, na alcunha em inglês.

A escolha é lógica: a privação de carboidratos (macarrão, pizza, batata, pão etc.) faz os ponteiros da balança descer em um período mais rápido de tempo. Perdem-se, em média, até 10% do peso em apenas trinta dias. Uma pessoa com 70 quilos, por exemplo, chega ao fim do mês de boca fechada com espantosos 7 quilos a menos. É de fato muito tentador. Mas — sempre há um porém — um novo e completo estudo ilumina um aspecto escondido das low-carb. A má surpresa: elas aceleram o envelhecimento. “A descoberta é um alerta definitivo sobre o perigo de dietas baseadas em um único nutriente”, diz Viviane Alves, professora de microbiologia da Universidade Federal de Minas Gerais, coautora do trabalho, publicado na reputada revista científica americana Current Biology.

Desenvolvido numa parceria entre o Instituto Sahmri, na Austrália, e a Universidade de Bristol, na Inglaterra, o estudo revelou que as proteínas, seja de origem animal, seja de origem vegetal — que tendem a substituir o carboidrato —, podem ser perigosas quando consumidas em excesso. Há, como decorrência indesejada, um aumento do ritmo do metabolismo celular. Resultado: essa aceleração provoca um erro no mecanismo de produção de compostos que protegem o organismo. A consequência é a morte celular abrupta. Dessa forma, o corpo passa a perder mais células do que é capaz de repor, o que leva ao envelhecimento precoce e à redução da expectativa de vida. Os pesquisadores avaliaram células humanas em laboratório. O próximo passo será estudar o efeito no cotidiano das pessoas. Por excesso de proteínas, entende-se o seguinte: uma pessoa de 70 quilos não deveria consumir mais de três bifes de filé-mignon por dia, ao longo de pelo menos um mês — porção facilmente ingerida em apenas uma refeição nesse tipo de regime.

A proliferação das dietas low-carb causou uma reviravolta nos hábitos alimentares no mundo todo. No Brasil, o consumo de feijão caiu pela metade nas últimas quatro décadas. O consumo internacional de batata diminuiu 40%. A predileção por esse tipo de regime tem história — ele nasceu no século XIX, quando o francês Jean Anthelme Brillat-­Savarin, autor do tratado de gastronomia A Fisiologia do Gosto, obra pioneira sobre a relação do homem com a comida, defendeu a renúncia total a açúcares e farináceos. O princípio foi retomado com força avassaladora nos anos 1970 pelo cardiologista americano Robert Atkins. Um de seus livros virou best-­seller e vendeu mais de 15 milhões de cópias ao redor do mundo. Os adeptos de Atkins estão liberados para comer ovos, bacon e carnes e chegam a emagrecer 10% do peso corporal em apenas quinze dias. Depois da dieta Atkins, como ficou conhecido o regime, outras versões foram surgindo — a paleolítica, a Dukan, a cetogênica, todas orientando grandes cortes no consumo de carboidratos e uma engolindo a outra na preferência popular.

Da Veja

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