Filha pede ajuda na web após salvar mãe que levou 20 facadas do marido

By 4 de novembro de 2019Machismo mata

“Foi uma coisa totalmente inesperada. Meu pai nunca tinha sido agressivo com a minha mãe, comigo, meu irmão ou qualquer outra pessoa. Ninguém acredita que ele foi capaz de fazer isso”, desabafa a advogada Aline Pereira Inácio dos Santos, de 23 anos, que presenciou o momento em que o pai esfaqueou a mãe da jovem e, em seguida, se matou.

Em entrevista nesta segunda-feira (4), a advogada relatou que presenciou todo o ocorrido, além de ajudar a mãe, de 54 anos, a escapar das agressões. “Eu estava dormindo no meu quarto e eles no deles. Por volta das 4h, eu escutei a minha mãe gritando e corri para socorrer”, afirma.

Ela conta que, ao chegar no quarto dos pais, encontrou a mãe deitada e o pai, um motorista, de 53 anos, em pé ao lado da esposa, com uma faca nas mãos e desferindo golpes contra a mulher. “Eu corri para cima dele, para impedir ele de continuar, e minha mãe saiu correndo. Acabamos entrando em uma luta para ele não continuar”.

A advogada conta que não se feriu durante o conflito e que, pouco tempo depois, conseguiu abrir a porta de casa para fugir com a mãe. “No meio da confusão, eu ainda tentei achar uma chave para abrir a porta e tirar minha mãe de lá. Consegui, mas nessa hora meu pai veio até a gente e se iniciou outra luta”.

“Depois que eu cheguei no quarto, minha mãe saiu correndo e foi tentar sair de casa, mas ele foi atrás. Nesse momento, ele tirou a própria vida e acabou caindo em cima da minha mãe, o que fez com que ela deslocasse o ombro. Depois disso, eu deixei ela no quintal até a chegada da ambulância”, conta Aline.

Depressão

A advogada explica que o pai sofria de um quadro de depressão há aproximadamente oito anos, quando foi diagnosticado com a doença. “Ele tratava há anos, tratamos e ele teve uma melhora, mas nunca ficou 100%. Mas em momento algum teve uma situação de violência doméstica, nunca foi agressivo com a gente”.

“Ele sempre foi uma pessoa amorosa, gostava da minha mãe, dos filhos, tratava a gente super bem durante todo o tempo de vida dele. Foi uma coisa completamente inesperada por tudo mundo. A gente define isso como um surto, porque não era do feitio do meu pai, que nunca sequer teve uma passagem criminal”, relata Aline.

Ela aponta que a saúde do pai piorou há cerca de duas semanas e, na última segunda-feira (28), ele passou por uma consulta psiquiátrica em que foi receitado três tipos de medicamentos que ele não havia tomado. “O médico ainda suspendeu o remédio que ele estava acostumado, que tinha uma dosagem bem baixa para ele dormir”.

“Ele tomou os medicamentos por dias e foi quando tudo aconteceu. Não sabemos se foi o remédio ou o que pode ter causado esse surto”, reflete a advogada.

Arrecadação

Na web, Aline criou uma campanha de arrecadação virtual para transferir a vítima para um hospital particular. “Está sendo uma corrida contra o tempo, não sabemos que tipo de complicações ela pode ter hoje ou amanhã e meu medo é que, se isso acontecer, ela não tenha a assistência necessária”.

A advogada explica que a meta busca cobrir possíveis gastos com a internação da mãe em uma unidade particular. “Não conseguimos saber se ela entra no hospital como enfermaria comum ou na ala cirúrgica, e os valores são diferentes. O caso repercutiu, então muita gente está se mobilizando para ajudar”. Para ajudar, clique aqui.




De acordo com a Polícia Civil, o caso aconteceu na madrugada da última quarta-feira (30) na casa da família, localizada no bairro Jardim Santa Maria, em Guarujá. Às autoridades, Aline e a mãe relataram que o pai da jovem acordou em surto, pegou uma faca e passou a desferir golpes contra a esposa.

Após a advogada e a mãe conseguirem fugir para o lado de fora do imóvel e trancar a porta, o pai de Aline se esfaqueou. Segundo a Polícia Civil, relatórios da perícia apontam que os ferimentos do homem eram compatíveis com suicídio. A mulher foi socorrida com lesões no braço, tórax e abdômen.

O caso foi registrado como tentativa de homicídio e suicídio culposo consumado na Delegacia de Polícia Sede de Guarujá. Ao G1, o delegado titular da unidade policial, Marco Antonio de Couto Perez, afirmou que um inquérito policial será instaurado em decorrência da gravidade do ocorrido.

Na ocasião, Perez apontou que a ação é considerada uma tentativa de homicídio, mesmo que o causador tenha falecido. “Vamos apurar apurar as circunstâncias do suicídio, com a oitiva de todo mundo, sob a forma de um inquérito policial”.

do G1/Santos

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