Nesta segunda-feira (10), a Paraíba acordou com a notícia do assassinato de uma adolescente de 15 anos, no município de Zabelê. Nesta terça-feira (11), fomos informados de que o ex-namorado, de 20 anos, foi preso. Ele é o principal suspeito do crime, e de acordo com informações de testemunhas à polícia, não aceitava o fim do relacionamento.
Além de ter entrado nas estatísticas de feminicídio, essa adolescente também faz parte de um outro grupo: a de meninas que se envolveram com homens adultos. A romantização desse tipo de relacionamento coloca em risco milhares de adolescentes brasileiras.
Em outubro de 2019, duas adolescentes foram assassinadas: uma no município de Teixeira, e o outra na cidade de Manaíra, ambas localizadas no sertão do Estado. Assim como a adolescente em Zabelê, os suspeitos usaram arma branca e são ex companheiros que não aceitaram o fim do relacionamento.
O fato das notícias sobre este crime não darem esse enfoque demonstra o total descaso com esse detalhe. De acordo com a ONU, a taxa de gravidez na adolescência no Brasil está acima da média mundial. Por ano, 430 mil bebês nascem de mães adolescentes. Segundo o Ipea, 76% das adolescentes que engravidam abandonam a escola e 58% não estudam, nem trabalham. Dados do Disque 180 apontam que 7% das vítimas de violência doméstica têm menos de 18 anos.
Quando iremos parar de aceitar que isso é normal? Não é normal, saudável nem aceitável que homens adultos se envolvam sexualmente com adolescentes. Existem casais que estão juntos há mais de 30 anos e foram formados nesse modelo? Sim, existem. Mas a escravidão era legal e aceitável. Ser absolvido depois de ter assassinado a mulher por ciúme, não é mais a regra. Se os costumes mudam a fim de garantir mais justiça e igualdade, esse pode ser mudado também.
Taty Valéria