Sua avó foi feliz no casamento? Enquete revela número e relatos assustadores de infelicidade

By 9 de fevereiro de 2021Especiais

Os casamentos de antigamente duravam 50 anos e todos eram felizes…

Com suas intermináveis variações, essa frase já foi dita e ouvida tantas vezes que quase parecem ser verdade. No entanto, é preciso reconhecer que sim, os casamentos de antigamente duravam muito tempo, acompanhavam gerações de filhos, netos, bisnetos e com muita saúde e sorte, chegavam nos trinetos. Mas a que custo?

Numa conversa informal com amigas, em sua maioria casadas, o assunto dos casamentos duradouros entrou em pauta, e inevitavelmente, chegamos nas nossas avós. E aquela pergunta incômoda e proibida, apareceu: “Será que nossas avós foram mulheres felizes no casamento?”

Levamos o questionamento para nosso Instagram, aquela plataforma que não possui qualquer linha ou metodologia acadêmica, mas que se torna a vitrine do que pensamos. As respostas para essas perguntas veio acompanhada de um sentimento de frustração, tristeza, abandono e impotência.

Na enquete lançada pelo instagram @paraibafeminina, 73% das nossas seguidoras e seguidores afirmaram que suas avós não foram mulheres felizes no casamento.

Na pergunta lançada no feed, as respostas doem na alma:

“Minha vó só enlouqueceu, literalmente, apenas.”

“A minha foi super infeliz! Morreu de desgosto (como se dizia antigamente) e câncer.”

“Certamente não, morava com eles e não vou nem falar os tipos de desgraças que presenciei”

“Nem a materna nem a paterna. Ambas sofreram horrores por causa de seus maridos”

“Morreu infeliz, mas nunca separou por conta da religião”

“Minha avó viveu pior martírio que uma pessoa em vida pode viver. Meu pai, seu filho mais velho, foi herdeiro de seu pai dessa criação violenta que presenciou”.

Para as mulheres daquela época que tinham coragem de se separar, sobrava o julgamento e o preconceito social:

“Nada! Teve que alterar a identidade para casar menor de idade, teve 5 filhos. Fugiu aos 40 anos para o Maranhão, onde aprendeu a ser costureira, voltou para campina [Campina Grande] e enfrentou o preconceito da família e da sociedade. Vai completar 97 anos com histórias inspiradoras é muito vitalidade!”

“Minha vó só passou 4 anos casada, saiu de casa e criou as filhas sozinhas (Meu avô a traia e ela não aceitava).A outra ainda passou 12 anos casada mas rezava pra o marido ir embora e ele foi…sofreram pois eram mulheres separadas porém foi melhor q aguentar embuste a vida toda pra bancar o casal ideal”

Como nem tudo é só desgraça, algumas histórias aqueceram nosso coração:

“Eles adoravam contar como se conheceram e sobre o dia do casamento. Ela contava que até no dia do casamento dos dois, seu pai a questionou se ela realmente amava aquele homem e a ponto de se casar. Meus avós fora um daqueles casais raros da época, que se casaram por amor!”

O fato é que não existe uma fórmula mágica quando o assunto é casamento. Não dá pra dizer que elas eram mais ou menos infelizes do que nós, mulheres modernas, seria uma afronta e um desrespeito com uma geração inteira de mulheres que não tinham muitas alternativas e tampouco, conhecimento sobre seus direitos e sua própria identidade. Mas é inegável que associar a longevidade de uma relação com seu sucesso, é uma armadilha cruel, tanto com nossas avós, quanto com nós mesmas. Se hoje nós temos meios, sociais e legais, para sair de uma relação incompleta, e por vezes abusivas e violentas, nossas ancestrais não tiveram essa oportunidade. Uma seguidora pontuou de forma exemplar a situação:

Infelizmente, o histórico de vós e tias é recheado de infelicidade, mesmo com tantos anos de casamento. O discurso religioso foi uma das peças fundamentais para implantar no imaginário dessas mulheres que é obrigação delas segurarem o casamento e se manterem nele até quando “Deus” quiser. É triste ver mulheres tão incríveis, que poderiam ter tido vidas extraordinárias, se submetendo à sombra de relacionamentos falidos desde o princípio“. 

E qual seria nosso papel, enquanto filhas, netas, sobrinhas? Ouvir, aprender, respeitar e tentar mudar a história da nossa própria existência, enquanto mulheres, e enquanto pessoas que se propõe a deixar um mundo melhor para as próximas gerações.

 

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