Noite de 12 de fevereiro de 2012. Nove anos depois da ‘Barbárie de Queimadas’, seria um dia para prestar homenagens às vítimas, debater sobre a cultura do estupro, conscientizar a sociedade sobre os perigos da masculinidade tóxica, e relembrar sim, porque é só discutindo sobre nossa história que podemos refletir sobre um futuro mais digno.
Em 2020, nós do Paraíba Feminina publicamos um artigo em que discutíamos justamente a necessidade de rememorar essa história perversa: “Para que nunca se esqueça. Para que nunca mais aconteça”. Se já sentíamos, apesar das condenações, um gosto amargo, em 2021 o gosto se transformou em revolta. O mentor do crime, Eduardo dos Santos Pereira, está foragido. Saiu pela porta lateral, sem ser incomodado. Desde novembro do ano passado, estamos com um estuprador e assassino à solta.
As vítimas que conseguiram sobreviver, e que precisavam lidar com a dor e com o trauma de tanta violência, agora seguem acuadas, pois seu algoz está solto. As famílias de Isabela Pajuçara e Michelle Domingos, assassinadas naquela noite, perderam o único resquício de paz que ainda restava. Se a justiça foi feita, o sistema falhou. Onde estão essas falhas?
Quem facilitou? Come ele conseguiu sair de um presídio de segurança máxima sem ser incomodado? Que veículo ele usou na fuga? Como um presídio de segurança máxima não possui câmeras de monitoramento no seu entorno? Por que o Governo do Estado demorou 8 dias para acionar a Interpol? Alguém do alto escalão da Segurança Pública do Estado está envolvido? Como está a proteção das vítimas e suas famílias? Onde está o agente penal afastado das suas funções por possível envolvimento na fuga? Como está o andamento da do procedimento de investigação administrativa da Administração Penitenciária?
Quais respostas nós temos?
São mais de 2 de fuga do autor de um dos crimes mais bárbaros que a Paraíba viveu.
Eduardo dos Santos Pereira está livre, e nós estamos com medo.
Taty Valéria
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