Continuar trabalhando para sustentar sua família durante a pandemia, sem ter direito ao auxílio emergencial e sem conseguir manter o distanciamento social por força do trabalho. Essa foi a principal angústia das trabalhadoras do sexo que precisaram equilibrar o medo da doença com as necessidades mais básicas.
“A rotina das pessoas mudou, com a gente não foi diferente. Foi preciso ter coragem e muita ousadia para continuar trabalhando porque precisávamos de alimento, sustentar nossa família”, as palavras ditas por Luza Maria, coordenadora-geral da Associação das Prostitutas da Paraíba – Apros (que conta hoje com mais de 300 associadas), resume bem o que foram os quase dois anos de Covid-19 para essas trabalhadoras.
Diante de tantos desafios que o contexto atual exige, a Associação das Prostitutas da Paraíba, financiada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, a partir do acordo de cooperação técnica entre a Unesco e o Ministério da Saúde, realizam nesta quinta-feira (9) e sexta-feira (10), o I Encontro Nordeste de Prostitutas.
Realizado no Hotel JR, centro de João Pessoa, o encontro reúne trabalhadoras dos estados de Alagoas, Bahia, Rio Grande do Norte, Sergipe, Pernambuco e Piauí, além de representações de várias cidades paraibanas.
A solenidade de abertura contou com as presenças do procurador da República José Godoy Bezerra de Souza; da deputada estadual Estela Bezerra; de Sandra Marrocos, ex-vereadora; Ivoneide Lucena, gerente operacional de condições crônicas e IST da Secretaria Estadual de Saúde; e de representantes da Prefeitura de João Pessoa.
Para a deputada Estela Bezerra, o reconhecimento da trabalhadora do sexo como atividade profissional se faz urgente. “Esse grupo de mulheres nunca teve direito à previdência, nem o direito de serem reconhecidas como trabalhadoras. O trabalho da Apros e das demais associações é digno de reconhecimento pela inciativa de se reunirem e de debaterem enquanto cidadãs”.
José Godoy, procurador da República, afirmou que foi justamente durante a pandemia que conheceu o trabalho desenvolvido pela Apros e a importância de se discutir políticas públicas com quem irá se beneficiar delas. “A nossa função institucional é atuar para que os direitos assegurados na constituição sejam implementados, mas não é possível se discutir políticas públicas sem ouvir as pessoas. Esse encontro foi mais uma possibilidade para que nós do Ministério Público Federal, possamos desempenhar o nosso papel e fazer o que a lei determina”.
O I Encontro Nordeste de Prostitutas segue com palestras e oficinas e se encerra nesta sexta com o Sarau das Putas, que acontece a partir das 18h30 no Bar do Carlinhos Zorro, localizado no térreo da sede da Apros – PB, Rua Irineu Pinto, 146, Centro de João Pessoa.
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Taty Valéria