Já falamos aqui algumas vezes que os homens não trazem consigo um “certificado de qualidade”. Não dá pra saber, de cara, se aquele pretendente é abusivo ou violento. Mas dá pra prestar atenção em alguns detalhes do comportamento cotidiano e como ele se relaciona com outras pessoas, especialmente mulheres. Namorados abusivos e violentos costumam repetir o comportamento. E não, amiga, não caia no conto do “Você é diferente”. Se você conheceu um cara que tem esse histórico, fuja!
E além disso, ainda podemos apelar para a ficha criminal. Exagero? O caso de Johannes Dudeck, que foi preso na noite de sábado (12) acusado de assassinar a namorada, aqui em João Pessoa, prova que não. Johannes já respondia a mais de 20 processos, e pelo menos três deles, por violência doméstica. (leia mais sobre o caso no final desta matéria).
O que para uns pode soar com curiosidade excessiva; para nós mulheres, trata-se de cuidado. É o caso da psicóloga Clislaine Oliveira, de 27 anos, que começou a pesquisar sobre o histórico das pessoas que se envolvia ao se relacionar com um homem que tinha comportamentos que a deixavam insegura.
“Era muita possessividade para o início de um relacionamento. Quando fui ver os antecedentes criminais do rapaz, tinha uma medida protetiva contra ele, que foi requerida por uma ex-namorada. Foi aí que eu cortei o vínculo e não quis me envolver para me proteger. Desde então, sempre procuro saber quem é a pessoa antes de me relacionar e oriento as minhas amigas a fazerem o mesmo”.
Quem também é adepta dessa pesquisa sobre os antecedentes é a professora Daniela Souza, de 43 anos. Segundo ela, além de procurar informações pelas redes sociais, também pergunta aos amigos e pessoas próximas a fim de conhecer mais quem está ao seu lado.
“Quando a gente conhece alguém, não está estampado na cara da pessoa quem ela é. Por isso, é preciso ser racional e analisar bem, principalmente no início, quando tudo são flores. Eu procuro saber de familiares e amigos, de forma a não constranger ninguém, como é o tratamento do rapaz com os demais, além de verificar se tem passagens pela polícia ou algum processo na justiça. A gente também procura saber quem são nossos amigos, não é? Por que não com um namorado?”, pondera Daniela.
Além de ter como objetivo proteger a si mesmo, as mulheres buscam a proteção dos seus filhos e das pessoas que moram na mesma residência. É o caso da secretária Grazielle Pereira Gonçalves, de 33 anos, que é mãe de três filhos, frutos do seu primeiro casamento. Divorciada há quatro anos, ela não leva ninguém em sua casa sem ter informações sobre a índole da pessoa.
“Fui criada por padrastos e vi diversas tentativas de agressão contra a minha a mãe e também sofri tentativas de abusos. Não quero que meus filhos passem por isso. Por isso, investigo a vida do homem que me interesso antes de me envolver. Peço ajuda das minhas amigas, procuro saber como é a relação com a família, como foi o término de relacionamentos anteriores, se tem boa índole. Sei que, apesar de tudo isso, a gente pode se enganar, mas fica mais difícil disso acontecer”, comenta.
“Quando o assunto é um novo relacionamento, é preciso pesquisar quem é a outra pessoa para não se envolver com alguém que apresenta um perfil violento”. Essa é a orientação da coordenadora de enfrentamento à violência doméstica e familiar do Tribunal de Justiça do Espírito Santo, juíza Hermínia Azoury.
“Na maioria das vezes, o agressor não se apresenta à mulher com um perfil violento. É preciso, sim, ter essa perspicácia de buscar informações sobre a pessoa que está se envolvendo, além de não admitir oscilações bruscas de humor, como raiva excessiva em um momento e um conquistador apaixonado no outro”, salienta.
Para a juíza, pesquisar os antecedentes criminais é uma forma de buscar informações verdadeiras que encorajam a mulher a sair de um relacionamento fadado ao fracasso. “É um risco muito grande se envolver com alguém que tem uma denúncia de agressão contra si. No início, tudo é muito bom, mas relacionamentos abusivos sempre terminam com algum tipo de violência, seja física, verbal ou psicológica”, detalha.
Para buscar informações de antecedentes criminais, Azoury orienta, no entanto, que é preciso ter, além do nome completo da pessoa, um documento. “No Brasil, existem muitos homônimos, que se diferem com as informações sobre a filiação da pessoa, que é o nome do pai e o nome da mãe”, explica.
COMO CONSULTAR
Tendo um documento, é preciso acessar o site da Polícia Civil, clicar em “atestado de antecedentes criminais” e preencher um formulário com os dados pessoais da pessoa consultada.
Já no site do Tribunal de Justiça, é possível checar se a pessoa responde a um processo criminal buscando pelo nome. As informações serão ocultadas se o processo estiver em segredo de Justiça. Para mais informações, basta entrar no site e clicar em “consulta processual”.
Mas, atenção, como existem muitos homônimos (pessoas como o mesmo nome), é preciso ter mais informações para conseguir realizar uma busca de maneira correta.
da redação, com informações do Jornal Gazeta
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