Irmãos de bebê que faleceu foram acolhidos e estão sendo acompanhados pelo Conselho Tutelar

By 1 de abril de 2022Justiça, Paraiba

imagem ilustrativa

O trabalho de acolhimento e acompanhamento dos dois irmãos do bebê que faleceu na noite desta quinta-feira (31) teve início desde que o Conselho Tutelar foi acionado. Leia mais sobre o caso no final desta matéria.

A criança tinha mais dois irmãos: um menino de quatro anos, e uma menininha de apenas 4 meses. “O ambiente estava totalmente conturbado pela mídia, polícia, vizinhos revoltados… Por uma medida excepcional de proteção, achamos por bem aplicar a medida emergencial, que foi levar as crianças para um abrigo. Hoje eles se encontram acolhidos numa das casas aqui em João Pessoa”, afirma Ricardson da Silva Dias, Conselheiro Tutelar da Região Sul, responsável por esse acompanhamento.

Ricardson explicou como se dará o processo junto ao Conselho Tutelar. “Estamos colhendo informações da família paterna e materna com o objetivo de concluir o relatório pra encaminharmos para a Vara da Infância e Juventude e Promotoria da Infância, que deve acontecer ainda nesta sexta-feira”, afirmou Ricardson, lembrando que a conclusão do relatório depende ainda de outros dados que estão sendo apurados, como nome completo e data de nascimento das crianças.

Sobre o estado físico das crianças acolhidas, o conselheiro afirmou que elas não apresentam marcas de agressão ou de violência. “Não podemos falar  de forma técnica e pericial porque isso não cabe ao Conselho Tutelar, mas de fato, não existiam marcas visíveis. Conseguimos conversar com o menino de quatro anos e ele não relatou nenhuma situação de violência sofrida, nem dele, nem do irmão que morreu. Mas visivelmente, nem ele ou o bebê de 4 meses, apresentam qualquer marca de agressão ou violência”, relatou.

Em relação ao fato dos vizinhos não terem feito denúncias de maus tratos, Ricardson afirma que conversou com algumas pessoas que contaram não denunciavam porque sofriam ameaças. “Indaguei a respeito e eles disseram que não faziam as denúncias por medo e que já haviam recebido até ameaças, alguns diziam do pai, outros diziam do padrasto.  Mas não temos como precisar de onde vinham essas ameaças”.

O conselheiro reforça a importância das denúncias de violência e abuso infantil e a segurança dos meios usuais. “Tanto o Disque 100, quanto o Disque 123, são meios seguros e sigilosos e fazem parte do Serviço de Proteção. São canais extremamente seguros e é importante que a comunidade, que a sociedade utilize desses canais pra evitar que situações como essa aconteça”.

Acolhimento mais desgastante que fiz na vida de conselheiro

“Em seis anos que eu estou como conselho tutelar, foi sem dúvida o acolhimento mais difícil e emocionalmente desgastante que realizei. O menino chorava muito, não queria sair da comunidade que ele estava inserido, era ali o lugar que ele conhecia, crianças que ele conhecia. Ele chorou e gritou muito. Consegui, depois de muitos minutos de conversa, convencê-lo a ir junto comigo”, disse Ricardson.

Essa última fala do conselheiro tutelar traz um aspecto pouco abordado e quase nunca discutido quando se trata de crimes dessa natureza. Como fica o entorno?

Um dia você é uma criança de quatro anos, com dois irmãozinhos menores, brincando na rua com seus amigos. No outro dia, acorda com um irmãozinho morto, com sua mãe presa, e sendo levado de casa para um local desconhecido.

Às vezes eu gostaria de ter escolhido outra profissão.

 

Taty Valéria

 

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