Violência contra crianças é problema coletivo: omissão da comunidade pode ter custado a vida de um bebê

By 1 de abril de 2022Justiça, Paraiba

A notícia é pesada e dói no estômago.

Na noite desta quinta-feira (31), um bebê de um ano foi socorrido para o Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa em estado grave. Segundo a mãe do bebê, ele teria sofrido uma queda, mas os profissionais de saúde indicaram hematomas pelo corpo da criança. De acordo com o Hospital de Trauma, a criança teria sido levada inicialmente para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Cruz das Armas, vinda do bairro Jardim Veneza. A mãe alegou que ela tinha sofrido uma queda da cama.

Os profissionais envolvidos no atendimento médico perceberam supostos hematomas pelo corpo do bebê, e acionaram os policiais militares de plantão no hospital.

Pouco depois, a criança morreu.

O delegado Rodolfo Santa Cruz destacou ainda que na certidão de nascimento da criança consta que o seu pai é desconhecido, mas que a polícia está a procura de um namorado da mãe da criança. Ainda assim, ele explica que a mulher morava sozinha, na companhia de três filhos (a vítima e mais dois irmãos).

Na manhã desta sexta-feira (1º), foi decretada a prisão preventiva da mãe.

O caso já trágico por si só. Já falamos aqui sobre a sobrecarga materna e sobre os altos números da violência contra crianças e adolescentes dentro de casa. A polícia segue investigando o caso, mas aqui vou abordar uma outra questão.

A omissão da comunidade pode ter custado a vida do bebê.

Em matéria exibida no JPB 2ª edição desta sexta-feira (1º), duas vizinhas são entrevistadas. Uma delas se mostra revoltada e exige justiça, mas antes disso, afirma de forma muito clara ter presenciado algumas agressões contra o menino, ela chega a narrar com riqueza de detalhes como eram as agressões. Outra vizinha afirma que o comportamento da mãe era muito estranho com o bebê.

Pelo menos duas pessoas presenciaram ou suspeitaram que algo muito errado estava acontecendo, mas nenhuma delas tomou qualquer atitude prática. Não acionaram o Conselho Tutelar, não chamaram a polícia.

Ainda na matéria, é dito que uma agente de saúde esteve no local e que a mãe não permitiu que a criança fosse examinada. Não existe nenhum protocolo nesse sentido?

O fato é que faz parte da nossa cultura não se importar muito com o que acontece na casa do vizinho quando se trata de violências. A não ser quando o vizinho gay ou a vizinha solteira “recebe” pessoas em casa.

A morte do bebê suscita um importante debate sobre a negligência e a omissão social diante de crimes de abuso físico, psicólogo e sexual contra crianças e adolescentes. Enquanto estão trancadas em seu sacrossanto lar, elas não são problema de quem está de fora.

Não é nossa intenção tirar a responsabilidade da mãe, do namorado ou de quem quer que seja. A intenção é acrescentar responsabilidade também na comunidade: que presenciou, e se calou.

Em caso de denúncia contra abuso e violência contra crianças e adolescente, acione o Conselho Tutelar. Nesse link, os telefones de todos os Conselhos em João Pessoa. Você também pode denunciar pelo Disque 100 ou acionar o 190 em caso de urgência.

da redação, com informações do g1/PB

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