Eleições 2022: a guerra começou e o principal alvo, são as mulheres

O processo eleitoral de 2018 deixou traumas profundos. Do kit gay à mamadeira de piroca, toda e qualquer pessoa minimamente consciente e preocupada com os dias que viriam, se sentiram sufocadas e incapacitadas de reverter o quadro que se fazia presente.

Particularmente, me vi sem condições de rebater certos argumentos. Me faltou a linguagem certa, me faltou conhecimento sobre quais versículos da Bíblia usar como contra argumento, e especialmente, me faltou paciência.

Chegamos em 2022. Tudo aquilo que prevíamos, aconteceu. Só que pior. Além do obscurantismo, da negação da ciência, da doença, da fome e da pobreza, o ataque sistemático às mulheres e aos seus direitos vem sendo a principal premissa do atual processo.

As mulheres sempre estiveram na linha de frente das revoluções e dessa forma, se tornaram também as primeiras vítimas. Parafraseando Simone de Beauvoir, as mulheres são as primeiras e as mais sofridas vítimas das guerras. No Brasil de hoje, são as famílias chefiadas por mulheres que mais padecem da fome. Também é no Brasil de hoje que as mulheres correm o risco de perderem direitos conquistados a mais de 50 anos.

No Congresso mais conservador de toda a nossa história, o debate sobre a proteção, acolhimento e garantia de dignidade de mulheres agora se concentra em não mais permitir que uma gravidez decorrente de um estupro seja interrompida. Tirar, não pode. Entregar pra adoção, também não pode. Pode-se escolher entre morrer em vida.

Partiu de Manuella Guimarães, a defesa do marido, Pedro Guimarães, ex-presidente da Caixa acusado de crimes de assédio sexual. Em seu perfil em uma rede social, Manuella afirmou que ela o esposo têm sido alvos de “ataques deliberados e impiedosos com objetivo único de destruir sua família”. Vejam que ela aponta que as denúncias querem “destruir sua família”, e não os crimes do marido. Manuella é vítima também: da hipocrisia e de uma educação extremamente machista. Se ela fez essa defesa por livre e espontânea pressão social, nunca saberemos. Ainda em 2018, Bia Dória também usou suas redes sociais para defender o marido, então candidato ao governo de São Paulo, flagrado numa orgia sexual com outras 5 mulheres.

Dentro do escopo das campanhas políticas, as mulheres também estão na linha de frente, mas não do combate, e sim dos ataques.

O Brasil sempre foi um país machista, que odeia suas mulheres. Isso não é novidade. Mas o total desrespeito, e porque não dizer violência, que as mulheres em espaços políticos vivem atualmente, saiu do âmbito familiar e privado, se tornou público. Não há quem garanta proteção e isso independe da ideologia partidária.

A mamadeira de piroca versão 2022 será a pauta do aborto. As violências políticas terão um alvo preferencial, independente de que lado você esteja nessa trincheira.

 

 

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