Em defesa da vida e da agroecologia: 5 mil mulheres vão às ruas de Montadas denunciar os impactos negativos dos parques eólicos e usinas solares

imagem: Flávio Costa

 

No dia Nacional de Conscientização das Mudanças do Clima, o município de Montadas recebeu cerca de cinco mil mulheres agricultoras na 14ª Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia, que aconteceu na manhã desta quinta-feira (16). Elas evidenciaram a contradição do modelo industrial de energia eólica e solar que avança com rapidez em diversos territórios do Semiárido brasileiro. Considerada limpa, a energia renovável gerada de forma centralizada causa uma série de perturbações que conduzem as famílias rurais para o empobrecimento, adoecimento e abandono do campo. Com o objetivo de combater a desinformação, o Movimento de Mulheres do Polo da Borborema elegeu a defesa do território onde vivem como tema, pelo segundo ano consecutivo, da 14ª Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia.

Considerada limpa, a energia renovável gerada de forma centralizada causa uma série de perturbações que conduzem as famílias rurais para o empobrecimento, adoecimento e abandono do campo. Com o objetivo de combater a desinformação, o Movimento de Mulheres do Polo da Borborema elegeu a defesa do território onde vivem como tema, pelo segundo ano consecutivo, da 14ª Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia.

imagem: Géssica Amorim

“O que queremos aqui é dizer para a sociedade e para os políticos que a energia que nos interessa é a energia descentralizada. Essa, sim, vem para contribuir com a economia das vidas das famílias agricultoras e do município”, sustenta no palco montado para a Marcha a liderança sindical Ana Paula Cândido. Além de deixar um recado para os políticos, a mensagem foi repassada para os moradores das áreas urbanas as informações sobre as reais intenções por trás dos contratos que as empresas de energia oferecem para as famílias e são prejudiciais aos proprietários das terras.

Roselma e sua filha Gleice, sua prima Quelaine, e sua vizinha, Núbia, vieram direto da comunidade Sobradinho, em Caetés, Pernambuco e tiveram a oportunidade de dar seus depoimentos sobre a vida que levam, há oito anos, morando ao lado das gigantes torres eólicas. “Queria que o nosso reencontro [ela participou da Marcha do ano passado] fosse por um motivo bom. Mas não é. O que tenho a dizer a vocês aqui é que ‘pensem bem’. A gente não assinou o contrato, mas também somos prejudicados”, afirmou Roselma, que completou.  “Foi uma riqueza conseguir as nossas. Antes a gente tinha que caminhar 2 a 3 quilômetros para pegar água. Hoje, o pó que as hélices soltam contaminam a água da cisterna, contaminam o solo e o nosso alimento. Quando as empresas chegaram, a gente pensou que seria bom pra gente. Mas não tem dinheiro no mundo que pague e devolva o nosso sossego. Estou falando em nome de 60 famílias de nossa comunidade”, finalizou.

Dona Carminha, uma senhora de 69 anos, completou todo o percurso empunhando uma bandeira da Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia é moradora de Pocinhos, município que será endereço de oito parques eólicos do Complexo Serra da Borborema, da empresa EDP Renováveis, além de três usinas fotovoltaicas nos nomes das empresas Sices Brasil SA e Arigo Solar Energia SPE Ltda. A agricultora afirmou que não tinha conhecimento dos danos que podem atingir sua comunidade. “Não sabia! E, quando voltar para Pocinhos vou avisar que não aceitem, porque junto com isso só vem doença.”

Ao final da Marcha, as mulheres se encontraram em frente ao palco principal, com a apresentação de Lia de Itamaracá e as filhas de Baracho.

 

da redação, com informações da assessoria

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