Julgamento de Jhoannes Dudeck acontece nesta quarta: o que precisamos relembrar sobre o caso?

Johannes Dudeck, preso por feminicídio, já respondia processos por violência doméstica

Acontece próxima quarta-feira (20) o julgamento de Johannes Dudeck, acusado de estuprar e assassinar a estudante Mariana Thomaz. O juiz titular da 1ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de João Pessoa, Antônio Gonçalves Ribeiro Júnior, determinou algumas providências para a realização do Júri Popular: será proibido o uso de roupas padronizadas, ainda que de forma remota, dentro das dependências deste Fórum; profissionais de imprensa foram cadastrados anteriormente. Um telão irá transmitir o julgamento em tempo real, mas só para pessoas cadastradas.

De acordo com o magistrado, as medidas são necessárias diante da repercussão que o crime gerou e para manter a ordem e a tranquilidade dos trabalhos, bem como para permitir que as atividades do Conselho de Sentença sejam executadas da melhor forma durante o julgamento. As atividades estão previstas para ter início a partir das 9h.

O crime

Na noite do dia 11 de março de 2022, Mariana Thomaz foi encontra morta, com sinais de estrangulamento, no apartamento de Johannes, no bairro de Cabo Branco. Na noite do sábado, ele foi preso como principal suspeito do crime. Já no final do mês de março, o suspeito foi denunciado por feminicídio e estupro pelo Ministério Público da Paraíba.

A defesa de Johannes Dudeck tentou um habeas corpus para que o acusado aguardasse o julgamento em liberdade, o que foi negado pela Justiça. Ele permanece preso desde então.

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Longa ficha corrida

Johannes Dudeck já respondia pelo menos outros 21 processos: incluindo violência doméstica, ameaça e lesão corporal. Os outros processos era por estelionato, enriquecimento ilícito e não prestação de serviços contratados. Vale salientar que Jhoannes respondia processos desde 2016.

O caso de ameaça e lesão corporal ocorreu no final de janeiro de 2020, no bairro de Manaíra, em João Pessoa. De acordo com os autos, as vítimas cobraram do acusado o cumprimento de um contrato de serviço na residência das vítimas. Jhoannes foi até a clínica que pertencia às vítimas e agrediu ainda, uma funcionária do local.

No segundo caso, que envolve violência doméstica, Jhoannes é acusado de desobediência à decisão judicial (descumpriu medida protetiva),  difamação, perturbação, ameaça e  violência doméstica. De acordo com os documentos que tivemos acesso com exclusividade, e que correm em segredo de justiça, o caso chegou ao Ministério Público em outubro de 2020, e aponta que as violências com a vítima tiveram início quando ela descobriu que Jhoannes já respondia o processo por agressão, e decidiu terminar o relacionamento. 

A vítima fez um Boletim de Ocorrência por violência doméstica e pediu uma medida protetiva. À época, foi divulgado na imprensa que Jhoannes ameaçou também o irmão da vítima e ainda colocou um explosivo em cima do carro do rapaz.

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Privilégios

Durante a audiência de custódia, quando foi preso como suspeito pelo assassinato de Mariana, Jhoannes afirmou ter ensino superior completo. A defesa não precisou apresentar diploma ou qualquer documento comprobatório e o suspeito foi transferido para uma cela especial.

Quatro meses depois,  o juiz Carlos Neves da Franca Neto determinou a transferência de Jhoannes Dudeck para o Presídio do Róger. Ainda conforme relatou o magistrado, o Ministério Público da Paraíba solicitou a transferência de Johannes, uma vez que a defesa não apresentou seu diploma de curso superior.

Num exercício mental muito simples, lanço a pergunta: e se Jhoannes fosse um rapaz preto?

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Luta por justiça!

A família e amigos de Mariana Thomaz criaram um perfil no Instagram como forma de exigir que a justiça seja cumprida e Jhoannes Dudeck seja condenado pelos crimes. Mas não só.

Um dos objetivos do perfil é manter viva a memória da estudante, seus sonhos e planos. Você pode seguir pelo link @justicapormaritomaz

Taty Valéria

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