A romantização das relações entre meninas e adultos e o quase sempre resultado catastrófico

By 11 de agosto de 2020Machismo mata

Nesta segunda-feira (10), a Paraíba acordou com a notícia do assassinato de uma adolescente de 15 anos, no município de Zabelê. Nesta terça-feira (11), fomos informados de que o ex-namorado, de 20 anos, foi preso. Ele é o principal suspeito do crime, e de acordo com informações de testemunhas à polícia, não aceitava o fim do relacionamento.

Além de ter entrado nas estatísticas de feminicídio, essa adolescente também faz parte de um outro grupo: a de meninas que se envolveram com homens adultos. A romantização desse tipo de relacionamento coloca em risco milhares de adolescentes brasileiras.

Em outubro de 2019, duas adolescentes foram assassinadas: uma no município de Teixeira, e o outra na cidade de Manaíra, ambas localizadas no sertão do Estado. Assim como a adolescente em Zabelê, os suspeitos usaram arma branca e são ex companheiros que não aceitaram o fim do relacionamento.

O fato das notícias sobre este crime não darem esse enfoque demonstra o total descaso com esse detalhe. De acordo com a ONU, a taxa de gravidez na adolescência no Brasil está acima da média mundial. Por ano, 430 mil bebês nascem de mães adolescentes. Segundo o Ipea, 76% das adolescentes que engravidam abandonam a escola e 58% não estudam, nem trabalham. Dados do Disque 180 apontam que 7% das vítimas de violência doméstica têm menos de 18 anos.

No início de 2020, publicamos aqui a história de uma menina de 14 anos agredida pelo companheiro porque se recusou a fazer o almoço. Ela estava com o agressor, que tem 24 anos, desde os 12, e tinham uma filha com 8 meses na época.

Quando iremos parar de aceitar que isso é normal? Não é normal, saudável nem aceitável que homens adultos se envolvam sexualmente com adolescentes. Existem casais que estão juntos há mais de 30 anos e foram formados nesse modelo? Sim, existem. Mas a escravidão era legal e aceitável. Ser absolvido depois de ter assassinado a mulher por ciúme, não é mais a regra. Se os costumes mudam a fim de garantir mais justiça e igualdade, esse pode ser mudado também.

 

Taty Valéria

 

 

 

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