Mais de 113 mil crianças e adolescentes brasileiras que perderam o pai, a mãe ou ambos para a covid-19 entre março de 2020 e abril de 2021. Se considerados os menores que tinham como principal cuidador os avós/avôs, esse número salta para 130 mil no país. Globalmente, a cifra ultrapassa 1,5 milhão de órfãos, de acordo com um estudo publicado na última terça-feira, 20/7, no periódico científico Lancet.
“Se você parar agora e contar até 12, é o tempo que basta para haver um novo órfão por covid-19 no mundo”, afirmou à BBC News Brasil a cientista que liderou o estudo, Susan Hillis, pesquisadora de doenças infecciosas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC).
Hillis, ela mesma mãe adotiva de 11 filhos, se esforça para confrontar uma ideia que se disseminou desde o início da pandemia de que crianças não são afetadas pela covid-19. De acordo com a cientista, a magnitude no número de órfãos expõe exatamente o oposto, mas autoridades de diferentes países e a sociedade em geral têm ignorado — ou agido de modo lento demais — para ajudar esses menores de idade em situação tão extrema.
Para além da tragédia emocional, muitas famílias perderam pais ou mães que eram as principais fontes de renda da casa. Hillis defende que haja inclusão imediata desses menores de idade em programas de transferência de renda, para combater a vulnerabilidade financeira e social que vem junto com a orfandade. Essa seria uma necessidade especialmente verdadeira no Brasil, onde a maior parte dos órfãos, 87,5 mil, perdeu o pai, historicamente o responsável pelo sustento financeiro do lar.
No Congresso brasileiro tramitam diversos projetos de lei para beneficiar com assistência social órfãos da covid-19. O governo federal já anunciou que planeja pagar uma pensão para órfãos já inscritos em programas sociais, algo em torno de 68 mil menores de idade, segundo estimativas.
Mas nenhuma dessas propostas de auxílio saiu do papel ainda.
Na última segunda-feira (19), em reunião virtual do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste (Consórcio Nordeste), os governadores aprovaram a criação de um auxílio social de R$ 500,00 mensais, a ser pago em cada um dos nove estados da Região, aos filhos que ficaram órfãos devido à morte de pais ou responsáveis por Covid-19.
O projeto denominado de “Nordeste Acolhe” será encaminhado às Assembleias Legislativas de cada estado no mês de agosto.
da redação, com informações do G1
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