Frota, o perdão do homem branco e a polêmica na vaga na equipe de transição do governo Lula

 

Ao ser anunciado o nome de Alexandre Frota como novo membro da área de Cultura na equipe de transição do governo Lula, a internet (em especial o twitter) explodiu. Contrários e favoráveis digladiando entre argumentos e eu venho levantar uma questão: o privilégio de ser um homem hétero branco.

 

Eu não falo meios termos ou faço arrodeios. Sou muito contra esta nomeação. Eleitores do presidente Lula ovacionavam Frota nesta eleição por soltar palavrões e entregar podres da família Bolsonaro e aliados, o tratando como mais novo membro da família após se tornar um bolsomínion arrependido (me permitam expressões populares, por favor). Esqueceram rapidamente o quanto ele foi forte na eleição 2018, apoiando esta extrema-direita onde ele sempre se sentiu confortável. E o mais grave: simplesmente esqueceram da história que ele mesmo contou, em um programa de televisão de alcance nacional, onde narra às gargalhadas um caso de relação sexual sem consentimento, que eu conheço como ESTUPRO, contra uma Mãe de Santo. Acompanhado do apresentador, Rafinha Bastos, que já fez “piada” dizendo que “estupro de mulher feia é um favor”. EU NÃO ESQUEÇO! Esse episódio do novo queridinho de uma parte da esquerda ainda rendeu um processo contra Sâmia Bonfim por calúnia e difamação por ela ter chamado o alecrim de estuprador.

 

Mas a internet esquece. Especialmente quando são homens héteros, cisgêneros e brancos. Você lembra de Netinho de Paula? Pois é… tenho certeza que você lembra dele por ter agredido ex-mulheres. Ele mesmo já falou sobre o assunto, já utilizou seus espaços midiáticos para explicar o erro, se desculpar, propagar a Lei Maria da Penha, deu voz às periferias mas, mesmo assim, a condenação social e o apagamento midiático são implacáveis com os negros.

 

Frota disse que Rackel Sherazade se “prostituiu para mudar de posicionamento político”, afirmou que Gilberto Gil e Chico Buarque “roubavam nos governos do PT”, além dos ataques a Jean Willys. Mas tudo isso já foi perdoado (contém ironia).

 

Frota está do lado progressista? Que bom. Continue. Mas querer ocupar espaços que deveriam ser entregues a pessoas que sempre estiveram no front, na luta por causa de um ano de tuítes favoráveis à eleição de Lula é DEMAIS pra mim. E pelo visto, para um monte de gente também.

 

Marcia Marques

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